Tudo o que há no universo é, de alguma forma, reflexo do Criador.

Em seu incontável número e rica diversidade, se apresentam as criaturas diante de nós para que, admirando-as, possamos considerar de algum modo a sabedoria divina e assim nos aproximarmos dela (S. Tomás de Aquino, Contra Gent., II, c. 2, n. 1,2).

Ademais, a admiração também “produz no coração dos homens a reverência para com Deus” (Ibid., n. 3).

Essa admiração pode ser definida como o estado de alma pelo qual uma pessoa contempla algo, superior ou inferior a ela, e experimenta sentimento de encantada aprovação e simpatia, mas não para aí: transcendendo, vê naquilo o reflexo do sagrado, ou seja, de Deus Criador.

Acontece, entretanto, que às vezes custa ao homem estar disposto a admirar. Não deseja abrir inteiramente o coração, pensando ser mais deleitável permanecer submergido em seu egoísmo.

Mera ilusão, porque, mais cedo ou mais tarde, ele vai se enfarar de si mesmo, pois sua autocontemplação acabará por lhe revelar suas insuficiências e defeitos.

Pelo contrário, a vida da pessoa admirativa nunca é tediosa ou triste, uma vez que seus focos de contemplação situam-se fora dela, permitindo-lhe peregrinar de encanto em encanto pelos reflexos de Deus nesta terra (Contra Gent., III, c. 62, n. 9).

Mas há graus de admiração, porque nem tudo a merece na mesma intensidade.

Acima de todas as criaturas nesta terra, só os homens são feitos à imagem e semelhança de seu Criador. E entre eles, nem todos estão do mesmo modo permeados pelas perfeições divinas.

A admiração por algo que seja mais nobre e elevado que nós tem um efeito altamente benéfico para nossas almas, tirando-nos de nossa pequenez e nos elevando, para fixar-nos no que nos é superior.

Enlevar-se por aquilo que é digno de ser admirado nos causa alegria, nos transforma, abre nossos corações à influência do que é bom e ajuda-nos a superar os dramas tão frequentes em nossos dias. Melhor ainda, nos assemelha a quem é o objeto do nosso enlevo.

Ocupando um lugar único e inigualável, acima de todas as meras criaturas, Maria Santíssima é digna de nossa admiração sem limites. Os próprios Anjos, tão superiores a Ela em natureza, mas tão inferiores em graça, devotam-Lhe um profundo enlevo.

Se esses espíritos superiores admiram e amam Nossa Senhora como sua Rainha, o que dizer de nós, que, ademais, não somos apenas súditos d’Ela, mas também filhos?

Admirar e amar ternamente Nossa Senhora é encontrar alívio para as nossas dificuldades, orientação em nosso caminhar e um porto de bonança em meio às borrascas de nossa existência. É, enfim, aproximarmo-nos de Jesus, que nos ouvirá com muito mais bondade e atenção se notar nossa atitude carinhosa e apaixonada por sua Santíssima Mãe.