“Amor meus, pondus meum”, diz Santo Agostinho (Confissões 13, 9). O amor faz com que haja um pendor entre os que se amam.
Assim acontece no seio da Santíssima Trindade, entre as Três Pessoas Divinas.
Mas também a alma humana foi marcada por Deus com esse selo, a fim de que os homens convivam entre si e tenham mais facilidade de entrar em contato com o Altíssimo.
Do Criador está dito na Escritura: “Minhas delícias consistem em estar com os filhos dos homens” (Pr 8, 31). O anseio de Deus em relacionar-se com o homem chegou a seu clímax quando o Verbo Se fez carne e habitou entre nós.
Por meio da natureza humana de Nosso Senhor Jesus Cristo o homem pôde, finalmente, entrar em contato com Ele de modo muito mais intenso e direto do que Moisés no Sinai.
A própria Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, tomando nossa carne, colocou-Se ao alcance de suas criaturas, a fim de ter com elas a mais íntima familiaridade.
Da parte do homem, há também um movimento em direção a Deus, impelido pela sede de infinito que habita sua alma imortal. Mas, ao mesmo tempo, o instinto de sociabilidade exige que ele compartilhe com outros essa busca do absoluto.
Uma vez que os homens são chamados para o mesmo fim, devem, por disposição divina, viver em sociedade, em harmonia e em verdade.
Salvo raras exceções – como o caso daquelas pessoas com a vocação de anacoreta –, todos sentem necessidade de comunicar-se, de conviver, de compartilhar anseios, alegrias, tristezas e receios com seus semelhantes, de compreender e de ser compreendido, de amar e de ser amado.
Quem vivesse completamente isolado seria extremamente infeliz, mesmo se possuísse todas as riquezas, todas as comodidades, todas as diversões que a vida pode oferecer.
Conforme o dito de Santo Agostinho, assim como o peso de qualquer objeto material o leva para um lugar no qual ele se estabiliza, assim também o amor é como um peso que move a alma para onde ela vai.
Pessoas que muito se estimam e muito conviveram em certas épocas, ao se separarem, não veem a hora de poder reencontrar-se. Quando essa amizade é sobrenatural e tem a glória de Deus como ponto central, estamos já no campo da virtude da caridade, a qual nos leva a querer tudo quanto há de melhor para o ente amado.
Por isso, entre os grandes dias dos Arautos do Evangelho se destacam de modo particular aqueles em que amizades fraternais e, sobretudo, paternais se tornam efetivas.
Felizmente, esses momentos, marcados pela alegria de receber nossos bons amigos, têm sido frequentes. O mais recente foi receber a visita de Sua Eminência, o Cardeal Cláudio Hummes, OFM, ex-Arcebispo de São Paulo e, no Vaticano, atual Prefeito da Congregação para o Clero.
Neste número destacamos alguns flashes mais significativos desse dia inesquecível, no qual foi homenageado o paternal, ilustre e querido purpurado.