“La filosofia è quella cosa con la quale o senza la quale il mondo va tale e quale” – é filosofia é aquela coisa com a qual ou sem a qual o mundo continua tal e qual.

Com este pitoresco dito, os italianos exaram sua inapelável, e talvez sensata, sentença a respeito das escolas de pensamento que abstraem do fato concreto e, sem nunca pôr os pés em terra, constroem complexos sistemas cada vez mais etéreos, obscuros e contraditórios. Incompreensíveis, enfim.

Mas, será sempre deste modo?

Não poderá haver filosofias que estejam inseridas na realidade palpável do dia a dia, influenciando a vida dos homens, mesmo sem eles se darem conta?

Com efeito, as pessoas têm sua mentalidade e seu modo de ser fortemente condicionados pelo ambiente no qual vivem e pela filosofia que nele impera. Em consequência, novos costumes, novas instituições e até civilizações surgem em conformidade com aquele ambiente e aquelas ideias.

Não é verdade que a moda, a arte, a cultura e inclusive os estilos arquitetônicos, em geral, refletem a filosofia predominante no momento?

Restringindo-nos ao terreno da arquitetura, um olhar na História parece corroborar, pelo menos em linhas gerais, esta hipótese.

As colunatas dóricas, por exemplo, não seriam uma expressão do pensamento clássico?

Versailles e o racionalismo: que regras gerais, comuns a um e outro, poderiam ser identificadas?

A mesma questão se pode colocar em relação ao existencialismo e à arquitetura dita moderna.

A Igreja do início da Idade Média, depois do longo período das catacumbas e das perseguições que povoaram de mártires o Céu, estava construindo uma nova civilização. Sua reflexão ainda não delimitara com nitidez os campos da filosofia e da teologia, o que só se daria nos séculos XII e XIII.

Foi aquele também o tempo da arquitetura românica, tão recolhida, tão forte, tão própria a favorecer o encontro da alma com Deus, mas cautelosa em relação às alegrias que as criaturas podem nos proporcionar.

É de outra índole a mensagem que a catedral gótica transmite. Esguia, desafiando a força da gravidade em busca da maior leveza, favorecendo a luz e as cores, e procurando destacar o pulchrum, ela atrai para o bem, harmonizando a fé e a razão.

Cada um desses edifícios, com seu peculiar e inconfundível estilo, provoca exclamações de admiração e de arrebatamento, nos eleva ao transcendente e nos estimula a procurar a Deus.

Não é também o que encontramos na filosofia escolástica? Não é o que, especialmente São Tomás de Aquino, nos ensina?

Então, podemos nos perguntar: que relações há entre o estilo gótico e a Escolástica?

Todas essas reflexões, cabe notar finalmente, abrem para nós uma dimensão pastoral não desprezível, a qual precisamos levar em conta, para alcançarmos frutos na evangelização, sobretudo com as novas gerações.