Investigar a natureza, as coisas em si mesmas, suas propriedades, constitui uma necessidade humana.

Segundo São Tomás, os conhecimentos assim adquiridos contribuem para o homem crescer no amor a Deus e situar-se a si próprio no conjunto da criação, como também para vencer doutrinas erradas a respeito das realidades terrenas (Cf. Summa contra gentiles, c.1-4).

Homens da estatura de um Santo Alberto Magno, destaca o Papa Bento XVI, se dedicaram a

cultivar tranquilamente o estudo das ciências naturais e progredir no conhecimento do microcosmos e do macrocosmos, descobrindo as leis próprias da matéria, porque tudo isto concorre para alimentar a sede e o amor a Deus.

Com seu espírito aberto e abrangente, o Doctor Universalis demonstra assim

que entre fé e ciência não existe oposição, não obstante alguns episódios de incompreensão que se verificaram na História (Audiência, 24/3/2010).

Meses depois, o Santo Padre lembrará também as palavras do famoso jesuíta Matteo Ricci, para quem ciência, razão e fé formam uma síntese natural:

“Quem conhece o céu e a terra – escreve no prefácio para a terceira edição do mapa-múndi – pode provar que Quem governa o céu e a terra é absolutamente bom, absolutamente grande e absolutamente único. Os ignorantes rejeitam o Céu, mas a ciência que não remonta ao Imperador do Céu como à causa primeira, não é de modo algum ciência” (Discurso de 29/5/2010).

Na sua elevada missão de estudar o universo material e compreender suas leis físicas, a ciência nunca poderá, portanto, contradizer os dados da Revelação, que afinal têm sua origem no mesmo Criador.

A própria natureza das coisas supõe um convívio harmonioso entre ciência e fé. Sempre que algum dado parecer conflitante, ou será fruto de um mal-entendido, ou de uma falha na interpretação dos experimentos, ou de uma teoria sem fundamento na realidade. Cedo ou tarde aquilo cairá por terra e a verdade prevalecerá.

Para não nos limitarmos aos campos da Física, Química e Biologia, tomemos as áreas que ajudam o homem a entender sua própria história, desvendando-lhe seu passado: Arqueologia, Linguística Histórica, Papirologia, Epigrafia e ramos correlatos. Quando o que se tem em vista é estabelecer a verdade honestamente, suas conclusões e descobertas se harmonizam com os dados da fé.

Um exemplo evidente nos vem do longo trabalho referente aos manuscritos do Mar Morto recolhidos nas grutas de Qumran, e que tanto papel e tinta fizeram correr desde sua descoberta em 1947.

Ordenado e posto à disposição do público o conjunto do material encontrado naquelas grutas, estudos sérios e ponderados, verdadeiramente científicos, demonstraram não haver naqueles antigos papiros e pergaminhos nada que contradiga o que a Igreja sempre ensinou a propósito das Sagradas Escrituras. Pelo contrário, colocaram nas mãos dos exegetas um precioso instrumento para o desenvolvimento de sua ciência e o aprofundamento da Revelação.