A harmonização entre os aspectos de sacrifício e banquete, a arte de celebrar a Missa (ars celebrandi), a revitalização do Sacramento da Reconciliação, a necessidade de acentuar a noção de pecado em vista da comunhão eucarística, o aprimoramento da formação conferida nos seminários, os benefícios do celibato sacerdotal, a escassez de vocações, a diminuição de fiéis na América Latina, a constituição de uma catequese abrangente e profunda, e muito mais. Não houve matéria de relevo para a vida da Igreja que não tenha sido debatida no recente Sínodo dos Bispos.
Pode-se dizer, sem receio de equívoco, que a XI Assembleia Geral Ordinária foi uma das mais importantes já realizadas pelo Sínodo dos Bispos, desde sua criação por Paulo VI em 1965.
Não é de admirar: afinal, nada em nossa fé supera a celebração da Eucaristia, com a qual estão intrinsecamente relacionados o sacrifício do Calvário e, em suma, as próprias bases da Religião.
Como foi lembrado pelo cardeal madrileno António Rouco Varela, a Eucaristia é “fons et culmen totius vitæ christianæ”, quer dizer, fonte e culminância de toda a vida cristã.
Sacerdotes e fiéis no mundo inteiro acompanharam o sínodo com extremo interesse e oração, fazendo eco à prece utilizada pelos padres sinodais para iniciar a assembleia, na qual pediam a Jesus Cristo: “Ilumina tua Igreja para que nada seja para ela mais santo que escutar tua voz e fazer-se tua seguidora”.
Outros pontos deram um toque particular a este sínodo. Muitos cardeais e bispos sentiam que, diante de algumas perplexidades, havia chegado a hora de se realizarem debates, em busca de novos caminhos rumo à perfeição. E o Santo Padre entendeu bem a necessidade de todos manifestarem o que levam em seus corações.
Daí uma novidade bem recebida pelos prelados presentes à magna assembleia: no fim das congregações gerais diárias – entre 18h e 19h – foi aberto espaço para discussões nas quais os padres sinodais puderam externar suas observações e pensamentos. E tudo indica que o resultado foi excelente.
As intervenções em geral, espontâneas ou não, foram da maior relevância. Uma delas, que muito nos toca, por dizer respeito à situação brasileira, foi a do Cardeal Cláudio Hummes.
Chamando a atenção para a realidade religiosa deste país, o arcebispo de São Paulo mostrou que atravessamos uma preocupante crise: “Perguntamo-nos com ansiedade: até quando o Brasil será um país católico?” E, após constatar a semelhança existente nos países vizinhos, ele se perguntava também: “Até quando a América Latina será um continente católico?” E concluía:
A Igreja deve prestar mais atenção nessa séria situação. A resposta da Igreja no Brasil consiste, em primeiro lugar, nas missões, incluindo visitas missionárias permanentes aos lares. As paróquias precisam organizar seus fiéis e prepará-los para serem missionários.
Mais uma vez vemos e comprovamos, não só quanto é imortal a Igreja, mas também quanto ela é capaz de revitalizar-se a cada passo.
Sempre, pelo sopro do Espírito Santo e a rogos de Maria, a Estrela da nova evangelização, a Santa Igreja sairá rejuvenescida das provações em todos os tempos.
Dom Jean-Noël Diouf, Bispo de Tambacounda, no Senegal, depois de asseverar que atualmente o catolicismo na África passa por uma grave crise, terminou sua intervenção com um brado de ânimo: “Cristo ressuscitou. Nós venceremos!”
Este deve ser o nosso lema.