Não seria exagerado dizer que, hoje em dia, a missão sacerdotal adquiriu uma importância talvez sem precedentes na História.
Verdade é que sua sublime tarefa sempre foi ministrar os Sacramentos, pregar a palavra de Deus, promover o esplendor do culto, proteger as famílias, orientar os perplexos, dar esperança aos desgarrados, amparar os doentes, socorrer os pobres, consolar os angustiados, reconciliar os adversários, sacrificar-se por todos e guiá-los no caminho do Céu.
Verdade é que a vocação sacerdotal sempre empolgou por sua grandeza. Pode haver nesta terra maior privilégio do que atuar na Pessoa de Cristo (in persona Christi) para celebrar, na Eucaristia, o mesmo sacrifício oferecido na Cruz pelo Homem Deus? E para, no Sacramento da Reconciliação, perdoar os pecados?
Verdade é ainda que outra missão da mais alta importância sempre coube ao padre em todos os tempos: dar o bom exemplo, especialmente pela inabalável fidelidade e amor a Cristo.
Como disse recentemente o Papa Bento XVI, falando para os sacerdotes e diáconos da diocese de Roma:
A nossa resposta pessoal ao chamado à santidade é fundamental e decisiva. Esta é a condição não só para que o nosso apostolado pessoal seja frutuoso, mas também, e mais amplamente, para que a face da Igreja reflita a luz de Cristo, induzindo desta forma os homens a reconhecer e a adorar o Senhor (13 de maio de 2005).
Sim, tudo isso é verdade em todos os tempos da História.
Contudo, como negar que a missão sacerdotal revestiu-se de um caráter especial neste nosso mundo devastado por diversas crises, das quais as piores são relativas à fé e à moral, que o estão pondo diante de problemas praticamente insolúveis?
Permanecem muito presentes, dizia o Papa no discurso já mencionado, aquelas causas de “deserto espiritual” que afligem a humanidade do nosso tempo e, por conseguinte, minam também a Igreja que vive nesta humanidade.
Porém, sob esses dramas espirituais, vai crescendo por todo lado uma autêntica “sede de Deus”, como ficou demonstrado pela comoção mundial causada pela morte e funerais de João Paulo II, e eleição de Bento XVI.
O terreno ressecado e árido, do qual falou o Papa, geme, pedindo pelo orvalho da boa palavra, da boa orientação, do consolo espiritual, dos Sacramentos.
E claro que Deus, a paternalidade absoluta, gostaria de irrigá-lo abundantemente. Para isso Ele necessita de ministros que façam a distribuição dadivosa dos dons divinos.
“Mitte, Domine, operarios…” (Mt 9, 38) – Enviai, Senhor, operários, porque a messe é grande, mas poucos são os operários. Esse apelo de Jesus ressoa, portanto, com grande força nestes primeiros anos do terceiro milênio.
É nesse contexto que alguns Arautos entrarão pelas portas do sacerdócio, em meados deste mês. Prestarão eles atenção às palavras de Bento XVI:
Estamos próximos na fé e no amor de Cristo e na entrega a Maria, Mãe do único e sumo Sacerdote. Precisamente da nossa união a Cristo e à Virgem se alimentam a serenidade e a confiança das quais todos temos necessidade, tanto para o trabalho apostólico, como para a nossa existência pessoal.
A Cristo, por meio de Maria, imploramos abundantes graças para que esses novos sacerdotes caminhem sempre nas sendas da virtude e do serviço abnegado à Igreja, ao Papa, aos bispos e ao povo de Deus.