Na Igreja da Madonna del Buon Consiglio, na pequena e bela cidade de Genazzano, encontra-se um afresco de mais de sete séculos de existência.
Até hoje se desconhece onde e por quem foi pintado. Terá sido seu autor um Anjo? Será originário do Paraíso? São perguntas ousadas.
Compreende-se que elas surjam, quando se conhece a história dos efeitos produzidos por essa piedosíssima imagem, ao longo dos tempos.
O afresco causa a impressão de ter sido pintado há poucos dias, mesmo se observado de perto. Porém, está há 535 anos junto à parede de uma capela lateral da igreja. Mais ainda: segundo atestam os documentos, tem-se mantido suspenso no ar durante todo esse tempo!
Foi ele transladado de Scútari, Albânia, a Genazzano por ação angélica. Assim descreve esses sobrenaturais acontecimentos um dos maiores entendidos na matéria:
Trazida por mãos angélicas, encontrou-se [a imagem] suspensa ali na rústica parede da nova igreja, e com três novos singularíssimos prodígios então acontecidos. […]
A celeste pintura estava sustentada por virtude divina a um dedo da parede, suspensa sem nela fixar-se; e este é um milagre tanto mais estupendo se considerarmos que a referida Imagem está pintada com cores vivas em fina camada de reboco, com a qual se destacou por si mesma da igreja de Scútari, na Albânia
Ainda mais pelo fato, comprovado mediante experiência e observações feitas, de que, ao tocar-se na Santa Imagem, esta cede (Frei Angelo Maria De Orgio, Istoriche di Maria Santissima del Buon Consiglio, nela Chiesa de’Padri Agostiniani di Genazzano, 1748, Roma, p. 20).
No séc. XIX, outro renomado estudioso desse celestial fenômeno observou:
Todas essas maravilhas [da Santa Imagem] se resumem, enfim, no prodígio contínuo que consiste em encontrarmos hoje esta Imagem no mesmo lugar e do mesmo modo como ela aí foi deixada pela nuvem no dia de sua aparição, na presença de todo um povo que teve então a felicidade de vê-la pela primeira vez.
Ela pousou a uma pequena altura do chão, a uma distância de aproximadamente um dedo da parede nova e rústica da capela de São Brás, e ali ficou, suspensa sem nenhum suporte (Raffaele Buonanno, Memorie Storiche della Immagine di Maria SS. del Buon Consiglio che si venera in Genazzano, Tipografia dell’Immacolata, Napoles, 20 ed., 1880, p. 44).
Na festa do batismo de Santo Agostinho e de São Marcos, padroeiro de Genazzano, em 25 de abril de 1467, por volta das quatro horas da tarde, uma celestial melodia começa a se fazer ouvir pelos mais va riados recantos da cidade.
Um grande número de pessoas, reunidas na praça do mercado, se põem a indagar maravilhadas de onde vêm os sublimes e arrebatadores acordes. Eis que uma divina surpresa se passa ante os olhos de todos: em meio a raios de luz, uma pequena nuvem branca desce até uma parede da já mencionada igreja, cujos sinos começam a bimbalhar fortemente e por si só. Prodígio ainda maior: em uníssono, a totalidade dos sinos da cidade tocam com energia.
Ao desfazerem-se lentamente os raios de luz e a nuvem, o belíssimo afresco que até hoje ali se encontra pôde ser contemplado pelo povo, e desde esse dia não cessou de derramar copiosas graças sensíveis, fazendo jus à preciosa invocação de Mãe do Bom Conselho.
A notícia de tão extraordinário acontecimento se espalhou por toda a Itália, como um corisco. Dois dias mais tarde, inicia-se uma verdadeira avalanche de milagres: um possesso se livra dos demônios, um paralítico caminha com naturalidade, uma cega recupera as vistas, um jovem empregado recém-falecido ressuscita...
Nos cento e dez primeiros dias, Ma ria do Bom Conselho distribui cento e sessenta e um milagres aos seus fiéis devotos. Peregrinos de todo o país se movem para receber os benefícios da Mãe de Deus.
Diante do santo afresco, uma constante se verifica: a nenhum dos pedidos que Lhe são dirigidos deixa Ela de atender de alguma forma.
Nas dúvidas, nas perplexidades ou mesmo nas provações, depois de um certo tempo de oração — maior ou menor, dependendo de cada caso — Maria Santíssima faz sentir no fundo da alma em dificuldade seu sapiencial e maternal conselho, acompanhado de mudanças de fisionomia e de coloração da pintura. É indescritível esse especialíssimo fenômeno.
Foi em Genazzano, aos pés do santo afresco da Mãe do Bom Conselho, que nasceram os Arautos do Evangelho. Ali, Ela os inspirou, orientou e fortaleceu. Por isso, a exemplo de tantos outros, os Arautos do Evangelho A consideram como sua Padroeira. Ademais, por privilégio concedido pelo Santo Padre, lucram no dia de sua festa, 26 de abril, uma indulgência plenária.