Por sua natureza, vive o homem continuamente à procura da felicidade, e tudo quanto ele faz ou planeja fazer visa esse fim, implícita ou explicitamente.
Ao longo da História, cada civilização idealizou uma via para alcançá-la e deitou nela os seus melhores esforços.
Assim, para os gregos o êxito consistia no domínio da filosofia; os romanos almejavam o poder político; o renascentista cultuava as artes; a revolução industrial supervalorizou a produção de bens materiais; por fim, no século XX, tentou-se obtê-la através da abolição de todas as regras morais.
Sintetizando o auge desse estado de espírito libertário, a Revolução de Maio de 68 dogmatizou: “É proibido proibir!” E, com a capacidade de contágio das paixões desordenadas, acrescida do charme da cultura francesa, em pouco tempo essa meta utópica conquistou enormes parcelas da Opinião Pública internacional, fazendo crer serem os restos de padrões de ordem ainda vigentes as únicas barreiras que separavam o homem da felicidade completa.
Quase meio século se passou desde então, e qual foi o resultado?
Encontrou, afinal, a humanidade o que tanto procurava? Transborda de felicidade a juventude hodierna? Vivemos o apogeu da civilização sonhado por todas as gerações ao longo da História?
Basta abrir um pouco os olhos para constatar que algo deu errado, e os frutos dessa pretensa libertação estão longe de serem como se imaginava.
Por quê?
A respeito, poucas reflexões poderiam ser mais oportunas do que as feitas pelo Papa Bento XVI em discurso pronunciado no dia 8 de dezembro último. Nele o Vigário de Cristo lançou um alerta contra os remédios falsos que o mundo propõe para preencher o vazio de alma gerado pelo egoísmo, e apontou Maria Imaculada como modelo: “Ela fala-nos da alegria, daquele júbilo autêntico que se difunde no coração livre do pecado. O pecado traz consigo uma tristeza negativa, que induz a fechar-se em si mesmo”.
Pelo contrário, esclareceu ele, “o Cristianismo é, essencialmente, um ‘evangelho’, uma ‘notícia alegre’, enquanto alguns pensam que é um obstáculo para a alegria”. E acrescentou: “A alegria de Maria é completa, porque no seu Coração não há sombra de pecado”.
Sim, a alma inocente é feliz e serve ao Senhor “com alegria e bom coração” (Dt 28, 47).
Exímio conhecedor dessa verdade, São João Bosco estabeleceu uma única regra para o recreio nos colégios salesianos: “É proibido estar triste!” E sua própria vida foi um exemplo de júbilo nas vias da santidade. Nisso residia o segredo e a força de atração de seu apostolado.
Urge precaver as novas gerações contra esse danoso equívoco que afasta tantas almas das sendas do bem: a verdadeira felicidade não se encontra no pecado, mas na virtude. E a desordem dos vícios não pode trazer a tão almejada paz interior.