A Igreja recebeu a Eucaristia de Cristo, seu Senhor, não como um dom entre muitos, por precioso que seja, mas como o dom por excelência, pois é o dom de Si mesmo, de sua Pessoa, em sua santa Humanidade; […] a Eucaristia é o próprio Cristo, uma Pessoa, com sua natureza divina e humana, dada a nós.
Estas palavras, proferidas por ocasião do Congresso Eucarístico Internacional, realizado em Quebec, pelo Cardeal Marc Ouellet e pelo Cardeal Jozef Tomko, sublinham um traço essencial da Igreja: embora a doutrina católica seja santa, bela e salvífica, a Religião está fundamentada, antes de tudo, no relacionamento com Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual a alma humana é naturalmente sedenta.
“Desejamos ver Jesus” (Jo 12, 21), pediram ao Apóstolo São Filipe um grupo de gregos que, no Domingo de Ramos, estava em Jerusalém.
Essa súplica foi sempre repetida no decorrer dos séculos por pessoas de todos os países, raças e condições, sedentos de se encontrarem com Jesus. E Nosso Redentor, para atendê-la, permaneceu entre nós por meio da Eucaristia.
O encontro da alma com Jesus, por meio da Comunhão, tem uma intensidade até maior do que quando Ele trilhava os caminhos desta terra.
São João Crisóstomo, conhecido como o Doutor da Eucaristia, assim nos estimula a aproximarmos de Jesus Sacramentado:
Há tanta gente que diz agora: “Eu desejo ver sua figura, sua aparência, suas vestes, suas sandálias”. Mas basta olhar! Veja-O! Vós O tocais! Vós vos alimentais d’Ele! E vós ainda dizeis que desejais ver a sua roupa… mas Ele não somente Se deixa ver por vós; deixa-Se também tocar, servir de alimento e ser recebido dentro de vós. Não nos aproximemos d’Ele indiferentes, pusilânimes, mas todos com os corações ardentes, ferventes, estimulados (Homilias sobre S. Mateus 82:4).
A solução divinamente sapiencial para nos permitir usufruir da presença do Homem-Deus na Eucaristia atende a necessidade que temos de um sinal perceptível por nossos sentidos.
Contudo, também nos pede um ato de fé – algo indissociável de nossa condição de prova.
Afinal, o que vemos são as aparências de pão e vinho.
Coloquemos nossa fé em Deus a respeito de todas as coisas e não O contradigamos em nada, mesmo se aquilo que é dito pareça contrário ao nosso raciocínio e ao que vemos, continua São João Crisóstomo.
É na Eucaristia – o Sacramento do encontro pessoal – que está a principal substância de nossa espiritualidade enquanto católicos.
Por maiores que possam ser nossos conhecimentos teológicos e filosóficos, por mais que estudemos a Sagrada Escritura, nada disso nos adiantará se nos faltar o essencial.
De fato, “se não comerdes a Carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu Sangue, não tereis a vida em vós mesmos” (Jo 6, 53).