Contemplando o vasto e variado tecido social destes e daqueles povos ao longo da História, podemos nos perguntar quais as figuras mais exponenciais que marcaram os acontecimentos e se tornaram célebres.
Se formos inteiramente objetivos, concluiremos, sem grande esforço, em favor dos Santos e Santas. Às vezes passaram quase desapercebidos até entre os seus mais íntimos, mas o tempo sempre acaba por lhes conferir a glória merecida.
Em realidade, qual a essência da santidade? Ouçamos algumas opiniões de peso.
São Tomás de Aquino, com a serenidade de quem vive com a mente nos altos temas da teologia, dir-nos-á ser a perfeição da caridade, isto é, a união com Deus, pelo amor.
Santa Teresa de Jesus, cujo coração foi misticamente ferido por um dardo de amor de Deus, exclamará que a conformação do nosso querer com a vontade de Deus é a essência da santidade.
O Papa Bento XVI traduziu o conceito de santidade em termos mais atuais, explicando que
os Santos não “caíram do Céu”. São homens como nós, com problemas também complicados. A santidade não consiste em nunca ter errado ou pecado. A santidade cresce na capacidade de conversão, de arrependimento, de disponibilidade para recomeçar, e, sobretudo, na capacidade de reconciliação e de perdão (Audiência de 31/1/2007).
Mas a fórmula mais simples e sublime nos é dada por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ela é válida para todos os tempos e lugares: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48).
Frei Galvão, como filho de São Francisco, brilhou magnificamente pelo carisma de seu fundador, desposando-se com a “Dama Pobreza”, abrasado em caridade.
Como vemos, a santidade é algo simples de praticar – com o auxílio da graça – estando ao alcance de todos, como ensina São Paulo: “Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (I Ts 4, 3).
Ora, se todos devem ser santos, como nos ensina também o Concílio Vaticano II, qual é o objetivo de destacar alguns poucos, por meio de uma cerimônia de canonização?
Faz parte da pedagogia da Igreja.
Apresentando o Santo como exemplo de vida virtuosa, ela recorda aos fiéis sua obrigação, decorrente do Batismo, de tenderem constantemente para a perfeição. Pois não há melhor exortação que a do bom exemplo.
É claro que o Santo, no Céu, não é indiferente às honras que a Igreja lhe presta, através do culto. Tendo sofrido nossas dores, não é ele insensível às aflições de quem peregrina nesta terra de exílio. E atende com particular atenção aqueles que, a algum título, têm mais ligação com ele. Por exemplo, seus compatriotas.
Frei Galvão é o primeiro Santo nascido no Brasil.
Sua alma, ao entrar no Céu, não perdeu as características próprias ao brasileiro. É, pois, impossível que ele não se compadeça de seus conterrâneos e, transbordante de bondade, procure ajudá-los a subir as sublimes escadarias da santidade.
O Brasil conquistou um solícito intercessor no Céu, agora, mais do que antes, atento aos pedidos de seus irmãos brasileiros. Disposto até a fazer milagres para os ajudar.
E a visita do Papa Bento XVI ao Brasil não é já um maravilhoso milagre de Frei Galvão?