Tão logo Simão foi apresentado por seu irmão a Jesus, Este fixou nele o olhar e disse: “Tu és Simão, filho de João. Serás chamado Cefas (que quer dizer pedra)” (Jo 1, 42).

Com essas palavras, o Verbo Encarnado exprimia para os homens seus desígnios, estabelecidos desde toda a eternidade: aquele pescador deveria ser a rocha sobre a qual seria construída a Igreja de Deus (Mt 16, 18), e a ele seriam dadas as chaves do Reino dos Céus (Mt 16, 19).

No dia de Pentecostes, quando a multidão acorreu diante do Cenáculo em virtude do ruído que ouvira, Pedro mandou abrir de par em par as portas e com voz forte exortou: “Homens da Judeia e vós todos que habitais em Jerusalém […], prestai atenção às minhas palavras” (At 2, 14). E começou a falar-lhes de Jesus.

Em nossos dias, continua o sucessor de Pedro a conclamar os homens de todo o orbe a “prestar atenção” às palavras de vida eterna que tem a transmitir-lhes.

Sempre de modo paternal, convidativo, suplicante até, Bento XVI não deixa de ensinar “com voz forte”, aquelas verdades que devem ser ouvidas.

Ora, no mundo atual, é preciso ter coragem para proclamar a palavra de Cristo.

O risco de ser enforcado, afogado e esquartejado, à semelhança dos mártires de Tyburn, hoje já não existe na maior parte do mundo. Mas anunciar o Evangelho supõe, muitas vezes, “ser ridicularizado ou motivo de troça”, como lembrou o Papa em sua viagem a Londres.

Na Escócia e na Inglaterra, como em todos os lugares aonde vai, demonstrou a valentia de não evitar as matérias mais polêmicas, deixando clara para todos a doutrina da Igreja a respeito. Mas fez questão de dirigir-se especialmente àqueles que Deus colocou sob seus cuidados. Pois não foi em vão que declarou Jesus a São Pedro, pouco antes da Paixão, haver rogado por ele a fim de que, diante das investidas do demônio, confirmasse na fé os seus irmãos (cf. Lc 22, 31-32).

Uma das principais mensagens de Bento XVI em sua viagem ao Reino Unido foi que também os católicos leigos devem participar da evangelização, começando por dar exemplo de vida virtuosa.

Recordou os esforços do Beato John Newman nesse sentido e advertiu “contra a tendência crescente a considerar a Religião como um fato meramente privado e subjetivo, uma questão de opinião pessoal”.

Mesmo dirigindo-se a cristãos não católicos, na abadia de Westminster, o Papa afirmou estar ali como “sucessor de São Pedro, encarregado de cuidar especialmente da unidade do rebanho de Cristo”, e conclamou os presentes “a propor a verdade do Evangelho como a chave de um desenvolvimento humano autêntico e integral”.

Com apenas uma exortação, Pedro converteu três mil pessoas (At 2, 41). Bento XVI deixa como resultado de suas viagens uma Igreja mais firme na fé e mais evangelizadora.

No século XXI, como no século I, o Vigário de Cristo continua a perene missão que lhe foi confiada. Por isso, na Missa em Glasgow, o Santo Padre declarou ter ido ao Reino Unido “para vos confirmar na fé de Pedro”.