Ao povo judeu, o qual esperava um Messias que lhe daria a supremacia sobre todas as nações, Nosso Senhor apresentou-Se dizendo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14, 6).
Ao iníquo Pilatos, declarou: “O meu Reino não é deste mundo” (Jo 18, 36).
Ele não tinha exército nem prometia riquezas, fama ou poder terreno. Exortava seus ouvintes a procurar os bens eternos. Alertava os seus seguidores de que seriam incompreendidos e odiados, e a perseguição representava uma bem-aventurança!
O Divino Mestre pregou o oposto da filosofia vigente em sua época. Entretanto, comoveu as multidões, arrastou incontáveis discípulos, que inclusive deram a vida por Ele, e mudou a História.
Como? Simplesmente pelo exemplo.
“Quem Me viu, viu também o Pai” (Jo 14, 9), disse a Filipe. Ele falava com autoridade. Sozinho e “armado” de apenas um chicote, expulsou do Templo os vendilhões.
Jesus era a personificação da santidade, da perfeição, a tal ponto que, até os estupendos milagres por Ele operados seriam dispensáveis: para o bom resultado de sua pregação, bastava vê-Lo!
Da mesma maneira procederam seus Apóstolos pelo mundo afora, depois de Pentecostes: o testemunho de sua vida era suficiente para converter judeus e gentios aos milhares.
Desse modo se expandiu a Santa Igreja pelos quatro cantos do mundo, enquanto se ia constituindo ao longo dos séculos o grandioso corpo doutrinário do qual ela hoje dispõe.
As conversões se davam não pela exposição de uma doutrina, mas pelo exemplo de santidade. Posteriormente, os estudos teóricos vieram proporcionar fundamento lógico à conversão de alma e mudança de vida.
A eficácia da pregação estava, pois, na santidade de vida dos propagadores do Evangelho. E nisto precisamente consiste o segredo perene da expansão da Santa Igreja: a imitação do Divino Mestre.
“Sede perfeitos, como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48), eis uma exortação válida a pessoas de todas as idades, tempos e lugares.
Nessa perspectiva, compreende-se a atualidade e importância do desafio lançado pelo Beato João Paulo II em 1989, durante a IV Jornada Mundial da Juventude, em Santiago de Campostela: “Deixai Cristo reinar em vossos corações […]. Não tenhais medo de ser santos!”. E os jovens gostam de desafios…
“Os jovens respondem com prontidão quando se lhes propõe, com sinceridade e verdade, o encontro com Jesus Cristo”, afirmou no discurso final da XXVI Jornada Mundial da Juventude, realizada neste ano em Madri, o Papa Bento XVI.
Com efeito, enfastiadas do racionalismo cartesiano característico de outros tempos, parcelas significativas das novas gerações procuram uma verdade total que se manifeste não apenas em doutrinas frias, mas em formas de comportamento e tipos humanos.
O que os jovens veem no Santo Padre, desejam notar também em cada sacerdote e em cada fiel: o exemplo de vida.
Assim, muito mais do que a beleza, se pode dizer que a santidade salvará o mundo. Aliás, não há contradição entre esses dois termos, pois é possível haver beleza maior do que a santidade?