No estado de prova em que fomos lançados depois do pecado original, nossa vida oscila entre dramas e alegrias.
Não raro, às perspectivas jubilosas sucedem-se transtornos inesperados, que nos fazem considerar com apreensão o futuro.
Nem os Apóstolos escaparam a essa regra.
Se, por um lado, o sacro convívio deles com o Messias esteve marcado por inefável júbilo, por outro, passaram por terríveis angústias, como as que começaram no Horto das Oliveiras e culminaram com a morte do Salvador, crucificado entre dois ladrões, no Calvário.
Mas, também no dia a dia, não lhes faltaram momentos de aflição, como os vividos no mar da Galileia logo após a primeira multiplicação dos pães e dos peixes.
Achavam-se eles, naquela noite, atormentados pelas ondas, deitando inúteis esforços sobre os remos, quando viram aproximar-se um vulto, caminhando sobre as águas. Soltaram gritos de terror, julgando tratar-se de um fantasma. Mas o Divino Mestre os tranquilizou, dizendo: “Sou Eu. Não temais”. São Pedro desceu então da barca e caminhava sobre o mar, ao seu encontro.
Vendo, porém, que o vento era forte, temeu, e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” Imediatamente Jesus, estendendo a mão, o tomou e lhe disse: “Homem de pouca fé, por que duvidaste?” Depois que subiram para a barca, o vento cessou (cf. Mt 14, 24-32).
Essa nau sacudida pela tempestade simboliza a Igreja, em luta nos mares deste mundo; e as agitadas águas do mar da Galileia bem podem ser comparadas à onda difamatória lançada na mídia internacional contra a excelsa pessoa do Sumo Pontífice felizmente reinante, o Papa Bento XVI.
Visam, sem dúvida, os autores dessa saraivada de ataques não só atingir a augusta figura do Sucessor de Pedro, mas, ainda mais, golpear a própria instituição nascida do Sagrado Costado de Cristo. Inútil tentativa, uma vez que, santificada e purificada pelo seu Fundador, a Igreja se apresenta a Ele “toda bela, sem mancha nem ruga ou qualquer reparo, mas santa e sem defeito” (Ef 5, 27). [1]
A Igreja “é santa”, ressalta Paulo VI,
não obstante compreender no seu seio pecadores, porque ela não possui em si outra vida senão a da graça: é vivendo da sua vida que os seus membros se santificam; e é subtraindo-se à sua vida que eles caem em pecado e nas desordens que impedem a irradiação da sua santidade (Sollemnis Professio fidei, n.19).
Santa e invencível é, com efeito, a Esposa de Cristo porque assim foi erigida por seu Fundador: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16, 18).
Mais de dois mil anos de História corroboram de sobejo a eficácia dessa promessa.
Assim, perante a atual onda de ataques lançados contra a Igreja, pode ela repetir sobranceira: “Alios ego vidi ventos; alias prospexi animo procellas – Vi outros ventos e enfrentei sem temor outras tempestades” (Cícero, Familiares, 12, 25, 5). Pois, após cada catástrofe aparentemente destruidora, ela ressurge mais jovem e mais portadora de esperanças.
Em meio à tempestade, surgem na Santa Igreja novas maravilhas.