Uma triste tendência do naturalismo próprio à nossa época consiste em humanizar até o que há de mais sagrado, tudo reduzindo às insignificantes proporções do que o homem moderno é capaz de compreender.

Infelizmente, este dinamismo não tem respeitado sequer a divina figura de Jesus Cristo, vendo-O de forma tão humana que pouco Lhe resta da divindade.

A verdadeira Teologia, pelo contrário, recusa-se a aceitar esta sistemática diminuição da qual Jesus é muitas vezes objeto, e aponta não apenas para sua perfeição, mas também para a excelência de tudo quanto O circundou, por ­vontade d’Ele.

Ora, embora da Maternidade Divina se tenham deduzido os altíssimos privilégios sobrenaturais que conhecemos de Maria, faltou à teologia desenvolver mais a magnífica parte reservada a São José, pois, enquanto esposo d’Ela – e, sobretudo, como pai de Jesus – haveria de ser revestido de suma excelência.

Como Maria foi para Jesus a melhor das mães, José foi também para Ele o melhor dos pais. De fato, com que esmero São José cuidou do Menino Jesus, e com que desvelo dedicou-se à Santíssima Virgem!

As parcas referências ao Santo Patriarca nos Evangelhos mostram-no um gigante de fé e de confiança, mas deixam à nossa piedade e ao senso teológico católico a sublime tarefa de completar sua figura.

Ora, ser verdadeiramente pai resume em si a superexcelência de todas as atividades de um homem. Zeloso e responsável nas suas atribuições paternas, São José sem dúvida lutou pelo sustento da Sagrada Família.

Entretanto, foi esta a menos elevada de suas prerrogativas. Junto a Maria Santíssima e ao Menino ­Jesus, ele assumiu alternadamente – segundo as circunstâncias – o papel de sustentador, de consolador, de guia e conselheiro, de governador e regente, de protetor e defensor, de formador e orientador…

Com efeito, embora não Lhe fosse necessário, quis Jesus precisar de José, para em tudo assemelhar-Se a nós.

Força interior, pureza ilibada, determinação férrea, confiança inabalável… em todas as circunstâncias nas quais encontramos São José, ele nos é sempre modelo de ação, de impostação e de santidade, a ponto de se poder afirmar sem receio não haver campo da atividade humana no qual ele não seja ponto de referência seguro e o mais perfeito exemplo.

Para compreender a posição de São José como ápice do gênero humano, basta considerar ter ele constituído para Nossa Senhora a figura máxima após seu Divino Filho.

As excelências de São José são, pois, muito mais transcendentes do que costuma retratar a piedade popular. Não podemos ver nele apenas um belo modelo para todo homem, mas sim um verdadeiro padrão para a construção de uma civilização inteira.

Esta concepção, contudo, só dará todos os seus frutos quando forem renovados os corações mediante uma nova infusão do Espírito Santo.

Não é, pois, impossível que ela esteja relacionada com o triunfo do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, fazendo surgir a hipótese de o Reino de Cristo, e Reino de Maria, constituir também o Reino de José…