Se é durante a noite que se tem mais mérito em aguardar a vinda do novo dia, não deixa de ser verdade também que, quanto maior for a escuridão, mais se destacará qualquer tênue luz no horizonte.
Esta figura exprime de algum modo a situação da humanidade, conforme nos adverte o Papa Bento XVI na homilia da Missa de abertura do ano da fé. Salienta o Pontífice que “nos últimos decênios tem-se visto o avanço de uma desertificação espiritual” de um mundo sem Deus.
Contudo, a partir da amarga experiência desse deserto pode o homem contemporâneo, qual filho pródigo, redescobrir a alegria e a necessidade de crer.
Por isso, observa o Santo Padre, “no mundo de hoje há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último da vida”, e afirma que em nossos dias “evangelizar significa testemunhar uma vida nova, transformada por Deus, indicando assim o caminho à humanidade extraviada.
E o Espírito Santo tem suscitado, em vários rincões da Terra e nas mais diversas famílias espirituais, almas inconformadas com essa deterioração espiritual e desejosas do sobrenatural.
Em sua atuação em prol da nova evangelização, proclamando nos mais variados países o nome de Jesus e a doutrina de sua Santa Igreja, podem os Arautos do Evangelho atestar que, por detrás da realidade aparente de materialismo e gozo da vida, se encontra uma realidade latente mas bem viva, de pessoas que manifestam essa sede de Deus e estão à procura de um sentido mais elevado para a existência terrena.
São como oásis ou rios subterrâneos espirituais, em meio à desertificação universal apontada pelo Papa.
Prova eloquente dessa realidade é a penetração do Apostolado do Oratório Maria Rainha dos Corações.
Dá-nos disso um belo exemplo o glorioso Portugal, onde anualmente cerca de dez mil participantes dessa iniciativa evangelizadora dos Arautos se reúnem em Fátima para louvar a Mãe de Deus e implorar renovadas graças para a Igreja e o mundo.
Sobretudo o crescente número de jovens vocações para os Arautos, tanto do setor masculino quanto do feminino, atesta uma profunda ação da graça em importantes filões da juventude.
Essas e outras manifestações de vitalidade da Igreja em nossos dias autorizam as maiores esperanças, apesar dos pesares e contra todas as aparências em contrário.
É a comprovação não só da promessa do Divino Redentor de que as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja, mas de que esta, até o fim dos tempos, estará continuamente crescendo em graça e santidade, à semelhança do Menino Jesus.
O dia de amanhã só a Deus pertence. Entretanto, uma coisa é certa: nesta encruzilhada entre graves apreensões e alentadoras esperanças, na qual nos encontramos, o melhor lugar para se estar é ajoelhado junto ao presépio, ao lado de Maria Santíssima e de São José, adorando o Deus Infante, na inabalável confiança de que, quando menos se esperar, os oásis esparsos e os rios subterrâneos espirituais se transformarão em verdadeiros oceanos de graças!