Quem visita o norte da Espanha fica extasiado com uma região especialmente atraente da Cordilheira Cantábrica: os Picos de Europa. Densos bosques, lagos de espelho, espetaculares formações rochosas e montes elevadíssimos, alguns até nevados, compõem um paradisíaco cenário que propicia a contemplação e, ao mesmo tempo, convida à aventura, já que seus impressionantes desfiladeiros podem ser uma grande surpresa ao viajante desprevenido. Incrustado naquelas montanhas, na província de Astúrias, se encontra o povoado de Covadonga, um dos mais encantadores tesouros destas terras ibéricas.
O ponto auge da vila é a imponente Basílica de Santa Maria a Real. Semelhante a uma fortaleza, suas torres se erguem sobranceiras, como se quisessem desafiar as rochas e o céu que a circundam. Simples em seu estilo neorromânico, mas majestosa e sólida, com sua coloração ligeiramente rósea parece acolher o peregrino que se aproxima, recordando a afabilidade de Nossa Senhora, que está sempre disposta a auxiliar os que a Ela recorrem.
No entanto, não é no interior da Basílica que se encontra a imagem cuja invocação dá nome ao lugar, mas sim numa recôndita gruta contígua. Em frente ao templo nasce uma calçada de pedra, que se une ao longo corredor que conduz à gruta. E ali, em um reduzido espaço no qual mal cabem 50 pessoas, pode-se venerar La Santina.
Coroada como Rainha dos Céus, Ela porta um belo manto bordado que lhe chega aos pés. Com uma das mãos segura uma rosa de ouro, como um cetro de bondade, e com a outracarrega o Menino Jesus. Voltado para a Mãe, Ele parece puxar-Lhe o vestido, como um filho que anseia pedir algo. Que desejo haveria em seu Sagrado Coração que só Ela pudesse satisfazer?
Nossa Senhora já sabe, sem dúvida, o que pede seu Divino Filho, que Se encarnou para o perdão dos pecados dos homens. Por isso, sem Se fixar n’Ele, olha para a frente, cruzando o olhar com o devoto que, a seus pés, faz uma tímida oração. Atendendo o desejo de Jesus, oferece àquele fiel sua misericórdia, convidando-o a depositar em suas mãos todas as penas e dificuldades da vida, pois não é em vão que Ela carrega nos braços o Onipotente.
Se Cristo se entrega a Maria com total confiança e abandono, nós, que nada podemos, devemos imitá-Lo, colocando-nos inteiramente nas mãos de sua Mãe, que também é nossa. Por mais misérias que sintamos em nós, não deixemos de recorrer à Santíssima Virgem, para que Ela nos ajude a combater nossos defeitos e a lutar contra as tentações que possam nos assaltar, e nunca nos afastemos de Nosso Senhor Jesus Cristo, na fidelidade plena à sua Santa Igreja Católica Apostólica Romana..(Revista Arautos do Evangelho, Setembro/2014, n. 153, p. 50-51)