Com a face brilhante de glória, Cristo hoje mostrou no Thabor o que Deus tem no céu preparado aos que o seguem.
Neste segundo domingo da Quaresma, temos diante de nós a Transfiguração do Senhor. Que lições este fato tão abençoado traz a nós, cristãos de dois mil anos depois?
Conceitos e definições
Transfigurar-se é um dom próprio do corpo glorioso. A alma, contemplando Deus face a face, é iluminada com diversos dons e a felicidade eterna. Como o ser humano é corpo e alma, é normal que a carne participe dessa glória.
Nela, o corpo recebe o dom da localização instantânea, onde ele quer estar, ele estará; recebe o dom da incorruptibilidade, não se machuca, não se adoenta, não está sujeito ao passar do tempo; veste-se de luz, possui diversos tipos de dons.
Jesus Cristo sempre foi verdadeiro homem e verdadeiro Deus. De modo que sua alma humana sempre esteve na presença contínua da Trindade, num mistério inexplicável.
O que sabemos, porém, é que Nosso Senhor, para se tornar ainda mais parecido conosco, abriu a mão do corpo glorioso, que deveria necessariamente possuir, num milagre constante.
Assim, quando subiu o monte Thabor, realizou uma gloriosa exceção: permitiu que seu corpo assumisse o estado que lhe era devido, o estado glorioso. Por isso, o evangelho narra que Jesus apresentou-se assim: “alterou-se o aspecto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente”. (Lc 9, 29).
Lembremos que São Lucas foi por muito tempo secretário de São Pedro, que estava ali presente no momento da Transfiguração. Assim, ele teve o relato de uma testemunha ocular.
Por que Jesus se Transfigurou?
Muitos especulam a necessidade da Transfiguração de Cristo. Um dos principais motivos foi o de preparar os apóstolos para o que estava por vir. Elias e Moisés, a profecia e a lei, estiveram ali no monte conversando sobre a futura morte de Jesus.
Cristo quis mostrar aos apóstolos que, apesar de um dia o encontrarem ferido, humilhado, ele triunfaria, como neste dia, no monte Thabor, ele se mostrou triunfante.
Assim, após sua morte, os Apóstolos Pedro, Tiago e João poderiam animar os outros, contando o que viram e que o Mestre lhes tinha mostrado naquele dia. Infelizmente, estes que o virão em sua glória não corresponderam à graça e, na hora de provação, não foram fiéis.
O porquê de serem estes três também fica claro: São Pedro era o Papa, a pedra, a rocha fundamental de sua Igreja; São João, o apóstolo virgem, amado por Jesus, futuro recebedor das revelações do apocalipse, e São Tiago seria seu primeiro apóstolo mártir, além de primeiro patrono da Europa que nascia para Cristo.
Qual a relação da Transfiguração conosco?
Séculos depois deste divino acontecimento, cá estamos, em nossa rotina, em nossas vidas. Por que a Santa Igreja apresenta, neste segundo domingo da Quaresma, tão extraordinário fato?
Uma das lições que podemos tirar é a mesma que foi dada aos apóstolos. Muitas vezes, Jesus se transfigura em nossa vida. Seja uma grande promoção no trabalho, uma grande alegria ao formar uma família, um salvamento inesperado num acidente, etc.
Esta transfiguração, essa revelação de seu poder divino, deve ser nosso alicerce para os dias da cruz. Para que quando vier o nosso horto da oliveiras pessoal, onde estaremos nós a velar por Jesus que sofre, não sejamos como os apóstolos: que não durmamos.
E se assim é em nossa vida, também é na vida da comunidade, na vida da Santa Igreja. Jesus se transfigurou para mostrar que Ele, cabeça da Igreja, a acompanhará sempre, e sua essência é também divina.
Aconteça o que acontecer, a Santa Igreja irá triunfar. Ela tem a promessa de invencibilidade, Ela tem as promessas de Cristo, nada a derrubará. Não importa quantos calvários ela passe, sempre imergirá, como que ressurrecta, na pessoa dos seus santos, tão gloriosa como Cristo Refulgente no Thabor.
E saibamos que, aqueles que estão com ela, estes triunfarão com ela.
