No quarto domingo do tempo comum da Quaresma, a Santa Igreja prepara para os fiéis uma pausa no roxo sempre presente. É o Domingo Laetare, ou domingo da alegria, onde todos os elementos estarão voltados para o prenúncio da Páscoa.
Disposição da Liturgia no Domingo Laetare
Começando com as leituras, salmos e evangelho no domingo Laetare: a Santa Igreja propõe que comtemplemos o povo de Israel acampado à beirada da Terra de Canaã, da Terra Prometida. É quando Josué faz um lindo discurso narrando as maravilhas que os pais dos ali presentes passaram quando atravessaram o Mar Vermelho e se puseram em peregrinação rumo à Terra que o Senhor quis lhes dar.
Neste trecho percebe-se a alusão à nossa vida: estamos também no limiar de nossa própria passagem, de nossa Páscoa, pois já entraremos na Semana Santa, Semana de sacrifício, mas também de glória.
O salmista cantará a felicidade de ter sido salvo pelo Senhor: “A minha alma gloria-se no Senhor: escutem e alegrem-se os humildes. Enaltecei comigo ao Senhor e exaltemos juntos o seu nome”. Ou seja, mesmo sendo pequenos em comparação com o Todo-Poderoso, Ele está sempre disposto a nos perdoar: “Voltai-vos para Ele e ficareis radiantes, o vosso rosto não se cobrirá de vergonha”.
São Paulo vai tratar sobre a reconciliação, sobre uma nova fase, uma nova vida. No Evangelho, a parábola do Filho Pródigo será o suprassumo perdão, onde vemos um pai aflito, um filho perdido, e uma angústia: “Ele voltará?” E quando este retorna, sabemos da comemoração feita pelo Pai, pois, segundo a própria descrição de Cristo: “Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado”.
Disposição do Ambiente
Para esta festa da alegria e do perdão, a Santa Mãe Igreja permite que certo regozijo volte à Santa Celebração. Em primeiro lugar, temos as exuberantes flores que não apareciam no altar. No quarto domingo da Quaresma, ou Domingo Laetare, todo o presbitério estará colorido com lindos arranjos.
Os instrumentos também brilharão, contentes de soarem novamente. O coro preparará músicas mais exultantes, ao contrário do simples órgão que soava nas Santas Missas da Quaresma.
Outra disposição permitida nos Ritos Santos da Missa será as cores dos paramentos: o roxo da penitência se suaviza com a banco da alegria, gerando o rosa do domingo Laetare. Ele estará presente também no véu que cobre o Cálice. Por último, algumas restrições ainda se mantém: não se canta o “Glória a Deus”, nem se faz ouvir o “Aleluia” antes do Evangelho. Ainda estamos a caminho da alegria eterna, simbolizada pela Ressurreição de Cristo na Páscoa.
Disposição dos fiéis
Para cada um em particular, a Santa Igreja deseja que, com tantos elementos de alegria e perdão, o fiel descanse sua alma das dificuldades da penitência. Isso não significa abandoná-la; é como um viajante em uma complicada estrada: hoje é o dia de se sentar à beira da estrada e contemplar o panorama. Sorver um pouco do ar puro da Misericórdia de Deus, deixando, em segundo plano, o cogitar nas agruras do passado, nas complicações do futuro. Hoje é dia de agradecer tantos retornos à casa do Pai, e de todas as vezes que Ele nos recebe, alegre.
Por último, não esqueçamos de transmitir essa mesma alegria aos que nos rodeiam. É hora de ser mais generoso, mais dedicado, menos exigente ou insensível; Deus nos dá tantos benefícios: por que não os estender aos que, como nós, também os necessitam?
Que Nossa Senhora abençoe o Domingo Laetare de cada um, e faça desta celebração uma digna entrada para os futuros mistérios que iremos vivenciar: a paixão de Cristo. Afinal, incauto seria o viajante que, extasiado pelas alegrias que o cercam, esquecesse de trilhar o caminho.