Com a vinda do carnaval, vem também as festividades da Quaresma. No que consiste essa celebração, e o que podemos esperar de mudanças no início da Quaresma?
Na Santa Igreja, no altar, algumas coisas mudarão. Em primeiro lugar, lembremos que o calendário litúrgico é feito para acompanhar os mistérios da Vida de Cristo. A quaresma é a preparação para o maior deles: sua morte e ressurreição, e nossa redenção.
Assim, esta preparação consiste em novas meditações litúrgicas sobre o significado do pecado. Em segundo lugar, os profetas anunciadores dos sofrimentos de Jesus são postos mais em evidência, como é o caso de Isaías, que narra com espantosos detalhes a via crucis, séculos antes dela acontecer.
Os evangelhos dominicais também seguem esta mesma dinâmica: são passagens onde Jesus nos conta a malícia do pecado e o alívio decorrente em sermos salvos. Passagens como a do Filho Pródigo ou do Bom Pastor são contempladas.
Por último, a vida litúrgica da Santa Igreja muda. São os paramentos e os materiais que se usam na Santa Missa que recebem uma nova cor: de verde passam para o roxo da penitência. Não se põem flores mais diante da assembleia reunida, até o dia da instituição da Sagrada Eucaristia, a quinta que precede a sexta-feira da Paixão.
Os instrumentos se calam: somente o órgão e um coro, com músicas mais recolhidas, mas interiores, se pronunciam quando há o Santo Sacrifício. Não há mais o Glória: os anjos estarão em silêncio até que a Ressurreição venha.
Em questão de datas, o início da Quaresma se dá na quarta-feira de cinzas, dia 2 de março, e terminará na semana santa, que se inicia com o Domingo de Ramos, no dia 10 de abril.
Na rotina do cristão, a salvação eterna e a felicidade continuam sendo o norte da busca nesta terra. Mas como a Quaresma é um tempo para se arrepender dos pecados e concomitantemente se purificar para a Páscoa, recomendam-se três práticas em especial:
O jejum, um meio de fortificar a vontade e mortificar a carne. Ele só é obrigatório na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da Paixão. Mas há outras variedades de jejuns, desde a abstinência, nos dias de sexta, que é não comer carnes vermelhas, ou até se abster de algum alimento muito saboroso e de gosto pessoal, como alguns fazem, por exemplo, parando de comer chocolate nestes 40 dias.
A oração sempre é o meio apresentado como mais favorável de salvação, mas na Quaresma ela se reveste de especial conotação: a purificação. Pedir a Deus continuamente uma seriedade para entender a malícia do pecado e da bondade em Cristo de vir nos salvar.
Por fim, a penitência, também voltada para a purificação. Antigamente, a penitência tinha um caráter extremamente doloroso, como o cilício, uma cinta de cordas espinhentas que ficava amarrada com força na altura do abdômen, ou a flagelação. Visto que tais exercícios já não são recomendados, a Santa Igreja procura, porém, que cada fiel se prive de algo na Quaresma para unir seu sofrimento com o de Cristo na Paixão.
Todos estes três pontos terão um especial artigo que explicará melhor no que consiste suas práticas e como potencializar seus efeitos na Quaresma.
Quanto à Igreja comunidade, Igreja Assembleia, esta recebe alguns dons que não possui nos outros tempos litúrgicos. As vias-sacras tornam-se comuns nas sextas-feiras, com grandes bênçãos para quem participa. Os terços em conjunto com a família ganham especial destaque, e também as adorações ao Santíssimo, sobretudo nas sextas-feiras.