"A abelha extrai o mel das flores sem lhes fazer mal, deixando-as intactas e frescas como as encontrou; a verdadeira devoção age melhor ainda, pois não só não prejudica, como engrandece e embeleza as tarefas humanas". Hoje exporemos alguns conselhos do livro "Introdução à vida devota", de São Francisco de Sales, celebrado pela Igreja Católica no dia 24 de janeiro.
São Francisco de Sales, um homem para além de seu tempo
Quando falamos no doce bispo de Genebra, automaticamente pensamos naquele homem bondoso, mas sério, que fez enormes esforços para conter seu temperamento, muito explosivo.
A tal ponto que, ao exumarem seu corpo logo após seu falecimento, encontraram o fígado empedrecido, de tanto que segurou a raiva sem expô-la ou desconta-la nos outros. Embaixo de sua mesa, nas laterais delas, encontraram sulcos profundos deixados por suas unhas, também por segurar sua fúria, por mais que esta ira fosse muitas vezes santa, diante de bobagens maldosas que lhe diziam.
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Assim, logo pensamos que São Francisco foi um daqueles santos inalcançáveis por nós, meros mortais e falhos pecadores; aqueles admiráveis amigos de Deus que dormiam apenas três horas por dia, que sobreviviam apenas de pão e água, ou que se penitenciavam com vigor.
O bispo de Genebra tinha sim suas penitências; mas, como que prevendo o futuro da humanidade e sua dependência em tantos pequenos assuntos e entraves, desdobrou-se em conselhos sábios e bem minuciosos.
Enquanto escrevia uma de suas obras, “introdução à vida devota”, quase que delimitou a pequena via que viria anos mais tarde com Santa Teresinha do Menino Jesus, que é focar nas pequenas ações, nos pequenos atos, mas com intenções enormes.
Conselhos para iniciantes na "Introdução à vida devota"
Por exemplo, um conselho que serve imensamente para nós, tão perturbados pelos infortúnios da vida: “Tem paciência não só com o mal que sofres, mas também com as suas circunstâncias e consequências”.
O próprio santo explica que muitas vezes nos importunamos por isso ou aquilo, como a pobreza, que para muitos é um dos piores males possíveis. “E eu, declarava um outro, pouco me inquietaria da pobreza, se o mundo não atribuísse esta desgraça a minha imprudência”. Ficamos preocupados com o que os outros dirão de nós se formos pobres, é o que escreve São Francisco. E isso já é fonte de sofrimento e desgraça.
“Se caíres numa enfermidade, emprega todos os remédios que Deus te concede; pois esperar alívio sem empregar os meios seria tentar a Deus”. Que interessante! Num tempo de questionamentos, é obrigação do homem virtuoso, do homem paciente, buscar as curas e soluções possíveis.
“Se houver necessidade de te queixares ou para abrandar o teu espírito ou para pedir conselhos, não o faças a pessoas fáceis de exaltar-se e de pensar e falar mal dos outros”. Eis o famoso desabafo. E eis nosso santo já saltando os tempos e avisando: não transforme essa prática salutar em fofocas e intrigas.
“Quem é, pois, tão sensível e delicado acerca de seu bom nome assemelha-se a certos homens que logo tomam remédio por qualquer incomodo insignificante, estragando assim a saúde em vez de conservá-la”.
Meu Deus, que santo extraordinário! Escreve isto para os extremamente zelosos por sua boa fama, e que não param quietos enquanto não pronunciam suas virtudes e caráter por toda a terra.
São Francisco já nos avisa que não adianta brigarmos, máxime por redes sociais, para demonstrar a pureza de nosso coração. Não se preocupe então, pelos comentários maldosos, quer dizer ele, desde que suas intenções sejam retas, pois Deus a conhece.
A virtude traz ao ser humano felicidade
Todos esses trechos foram tirados do seu livro “Introdução à vida Devota”, que poderíamos chamar “Manual do bem-viver”, pois São Francisco, como santo, é mais humano e caridoso que tantos outros, que pregam palavras vazias de exemplos.
Estejamos atentos para a verdadeira virtude, que não machuca, mas sim eleva e traz felicidade e bem-estar.
Cf. https://rumoasantidade.com.br/livro-filoteia-introducao-vida-devota/#sumario
