Fala-se muito do ano novo chinês, com seu zodíaco inspirador, ou ainda das muitas tradições que o povo brasileiro tem na virada de ano: um brinde, uma encenação, um pulinho sobre as ondas do mar.
Mas você sabia que a Igreja Católica tem um ano novo próprio? E que esta virada de ano não coincide com a do calendário civil?
Sim, dentre os muitos tesouros de nossa Santa Mãe Igreja, um deles é o ano litúrgico, que acompanha os mistérios da nossa fé e é regulado por eles.
Para o cristão, um outro Cristo, a vida precisa estar baseada na existência sagrada de nosso Salvador, que passou 33 anos conosco, sofrendo das nossas mesmas mazelas, visto que ele quis passar calor enquanto andava pelos desertos da Judeia; sentiu frio já quando nasceu, pequenino e frágil em seu Natal; sofreu dor e vergonha, quando levou, em suas costas santas, o peso da cruz.
Considerando os dois principais acontecimentos: a Encarnação de Jesus e seu Nascimento, e depois sua Morte e Ressurreição, onde nos redimiu, a Santa Igreja baseou um calendário para que o fiel se sentisse preparado em meditar e festejar esses dois mistérios.
Portanto, nas semanas do ano litúrgico, temos alguns momentos distintos: o tempo do Natal, que vai do dia 25 de dezembro à segunda semana de janeiro, até o dia de celebrarmos o batismo de Jesus, e o tempo da Páscoa, celebrado do dia da Ressurreição de Jesus até o dia de Pentecostes.
Mas espera: e o resto do ano? Como se encaixa no calendário litúrgico?
Sabiamente, a Igreja reserva para estas duas principais celebrações um tempo de preparação: antes do Natal do Senhor, temos o Advento, e para a Páscoa, há a Quaresma.
Por último, há uns tempos intermediários entre essas santas memórias, que chamamos de Tempo Comum.
Como o Natal de Jesus representa o início de sua missão, nada mais natural do que ser a primeira celebração do novo ano litúrgico. Antes, porém, para impostar bem o fiel cristão do significado mais profundo do nascimento do Menino-Deus, a Igreja separa quatro semanas de meditação e oração, chamando este tempo de preparação e espera de Advento.
Em contraste com a alegria do Natal, que é representado pelo branco, o Advento é um momento de maior serenidade e seriedade: sua cor é o roxo, da penitência, pois assim era o mundo antes da vinda de Cristo, imerso na tristeza.
O Tempo do Advento começa no último domingo de novembro, marcando o início do novo ciclo litúrgico.
Além do mais, foi decidido, pelo concílio Vaticano II, que a liturgia na Igreja seria tripartida: a cada ano haveria leituras diferentes, na ideia de que, no período de três anos, estudássemos toda a Bíblia nas Santas Missas.
Os anos receberam uma alcunha: A, B, C, com um evangelista o representando, e seu evangelho se lê inteiro nos domingos do Tempo Comum. Nos tempos de festas, como Natal e Páscoa, o Evangelho lido será sempre de São João. Isso completa a leitura dos 4 evangelistas a cada três anos.
Curiosidade: no ano de 2021 encerraremos o Ano B, consagrado ao evangelho de São Marcos, e iniciaremos o Ano C, direcionado para o evangelista São Lucas, no dia 28 de novembro.