Na festa de Epifania, a Igreja comemora a manifestação do Senhor ao mundo. Epifania, palavra de origem grega, significa “manifestação, aparecimento, revelação”.
Os três Reis Magos, jamais teriam encontrado ao Menino Deus, se o mesmo não tivesse lhes revelado através da estrela. Da mesma maneira, a humanidade, que depois do pecado original vivia longe da pátria celeste, nunca teria chegado a um conhecimento de Deus, se Ele não tivesse revelado. Os olhos do corpo precisam de luz para ver as coisas da terra. Da mesma forma, a razão, olho da alma, precisa da luz da revelação divina para ver as coisas de Deus.
Essa Revelação não é senão um corolário do imenso amor de Deus pelos homens, pois Seu amor não se limita quando, benevolamente, dá a existência para cada ser, mas ao contrário, se manifesta continuamente no decorrer dos séculos. “A história da salvação é a Revelação mais eloqüente e concreta do amor do Senhor; mais ainda, constitui o diálogo mais fascinante de amor entre Deus e o homem”.
Quando Deus se manifestou? “No intuito de abrir o caminho de uma salvação superior, manifestou-se a si mesmo desde os primórdios a nossos primeiros pais”.
O píncaro dessa revelação se encontra proclamado no Evangelho de São João, na frase que menciona o maior acontecimento de toda a história. Esta frase é a pedra angular sobre a qual todo o edifício da Revelação acha seu sustento e apoio. Assim lemos: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1, 14).
Durante o tempo em que essa Terra se dignou receber o próprio Criador feito homem, ela viu revelada a Sua face, Sua mentalidade, Sua majestade, Sua santidade, Sua Divindade . Pronto! Nada mais é preciso, tudo está revelado . Pois, como declarou São João da Cruz: “em dar-nos, como nos deu, seu Filho, que é sua Palavra única – e outra não há –, tudo nos falou de uma só vez nessa única Palavra, e nada mais tem a falar, (…) pois o que antes falava por partes aos profetas agora nos revelou inteiramente, dando-nos o Tudo que é seu Filho”.
Foi essa a razão que levou São Bernardo a dizer que, a fé católica não é uma religião do livro, mas sim da Palavra de Deus. E não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo Encarnado e vivo . Todavia, embora a Revelação esteja terminada, não está explicitada por completo. É dever da fé católica captar e desenvolver gradualmente sua doutrina ao longo dos séculos .
Entretanto, onde encontramos as verdades reveladas? Na Escritura, que é a Palavra de Deus Escrita; e na Tradição, que é a palavra de Deus não escrita, transmitida oralmente. A Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição constituem os dois modos distintos de comunicar essa revelação. Mas, para que se mantivesse protegido, conservado e unido os dados da Revelação, contidos na Bíblia e na Tradição, Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o Sagrado Magistério, entregando à Igreja o múnus de ensinar (cf. Mt 28, 19.20).
Tudo isto veio da parte de Deus. E de nossa? O que Lhe retribuiremos? Devemos render-Lhe nossa eterna gratidão e amor por Ele nos ter colocado à disposição esse magnífico “telescópio” para assim podermos conhecer, admirar e contemplar os diversos aspectos desse Infinito Universo que é Ele, e também por nos ter oferecido a oportunidade de começarmos, já nessa terra, a participar de Sua glória até chegarmos à eternidade onde o fitaremos face a face. Pois, hoje O vemos como por um espelho e confusamente, mas um dia O veremos tal qual Ele é! (cf. 1Cor 13, 12; 1Jo 3,2).