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Sou católico: posso cultuar os mortos?
 
AUTOR: REDAÇÃO
 
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O que significa celebrar a memória dos falecidos?

Em dias em que a perseguição religiosa é enorme, e em lugares onde o cristão é expulso por ser fiel a sua religião, é importante ainda mais entender a doutrina e o credo que se professa. É dever do cristão sobressair-se da ignorância e buscar compreender melhor como funciona sua fé. É por isso que hoje, em honra ao dia dos finados, celebrado a 2 de novembro, vamos nos pôr o seguinte problema: é lícito, é permitido cultuar os mortos?

As Sagradas Escrituras contêm a verdade

Ao nos fazermos uma questão sobre nosso credo, é preciso antes de tudo consultar o que Deus, em sua Revelação, quer nos dizer. Quais são os trechos que falam sobre o culto aos mortos?

Deuteronômio, capítulo 18, versículo 6: “Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos”. O mesmo livro, ainda no mesmo capítulo, também traz: “entre vós ninguém haja que pretenda purificar filho ou filha passando-os pelo fogo; que use de malefícios, sortilégios e encantamentos: que consulte os que têm o Espírito de Píton e se propõem adivinhar, interrogando os mortos para saber a verdade. O Senhor abomina todas essas coisas”. Por fim, também há indicações no Levítico, capítulo 19, versículo 31: “Não vos voltareis para os que consultam os mortos nem para os feiticeiros; não os busqueis para não ficardes contaminados por eles”.

Ainda há tantas outras passagens que condenam esta interação entre os mortos, como a própria conduta repreensível de Saul, que foi se consultar com o profeta Samuel depois deste morrer (1 Samuel 28).

Cultuar os mortos é proibido, então?

Parece que cultuar os mortos é uma prática proibida pela Santa Lei de Deus. Ao contrário, porém, encontramos outros trechos da Bíblia que nos trazem outras informações. No segundo livro de Macabeus, da Bíblia, encontramos esta recomendação: “É coisa santa e salutar lembrar-se de orar pelos defuntos, para que fiquem livres de seus pecados”. (2Mac 12,46). 

Como se portar diante desta aparente contradição?

Em primeiro lugar, se enxergamos uma contradição na Bíblia, é porque não alcançamos o seu profundo sentido. Considerando todos os trechos que estão elencados, conclui-se uma coisa: que Deus não quer nos fazendo um comércio de cultura, informação ou requisição com os mortos. É o diz o Evangelho quando Jesus conta a parábola do rico e do pobre Lázaro. Em determinado momento, o rico, já nas chamas do tormento, pede que o pai Abraão mande Lázaro avisar da vida eterna a seus familiares. Porém, o patriarca diz: “está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá” (Lc 16, 26).

É por isso que o culto aos mortos, se tiver este propósito, é proibido pela Santa Lei. Esta, aliás, é uma das proibições que impedem os cristãos de se aproximar do espiritismo, que trava com os mortos esse convívio não quisto pelo Senhor. Porém, sobre o comércio de orações, Deus não só incentiva, como o defende; eis a leitura do livro dos Macabeus. Quando pede a nós que roguemos aos mortos pela sua salvação, não quer que façamos bruxarias ou maledicências para deter a atenção dos falecidos, mas para que encontrem a paz.

Assim, o católico pode, neste sentido, cultuar os mortos, ou seja, lembrar-se deles em suas orações. O Dia de Finados, no 2 de novembro, tem essa finalidade: depois de nos lembrarmos de todos os santos (oficialmente a data de sua comemoração é no dia 01 de novembro), em seguida recordamos nossos irmãos falecidos que sofrem e que precisam de nossa intercessão para se purificarem mais rapidamente.

Quem salva seu irmão brilhará no Céu pela eternidade

“Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados” (Tg 5, 19-20). Quem salva seu irmão salva sua própria alma, diz ainda outro versículo das Sagradas Escrituras. Nossos irmãos falecidos que ainda aproveitam de nossas orações estão no Purgatório, sofrendo tormentos para sua purificação. As preces que fazemos tem a função de acelerar esta subida ao Céu, e por isso eles serão eternamente gratos pela nossa intercessão. No Dia de Finados, é dever do cristão rezar pelos seus falecidos familiares, queridos e conhecidos, para que, se estiverem em agonia no purgatório, possam ir ao Céu o quanto antes.

E, em relação aos que estão lá, saibamos que, se este pelo qual rezamos entrar enfim na glória celeste, ele será para sempre nosso fiel amigo. E não haverá um dia que não interceda por nós, não rogue diante do trono de Deus pela nossa felicidade e salvação. Rezemos, prestemos nosso culto aos mortos com a devida atenção, e sejamos nós também felizardos de levar ainda mais almas da sua purificação ao Céu.

 
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