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Plinio Corrêa de Oliveira


A escada das escadas
 
PUBLICADO POR ARAUTOS - 24/01/2020
 
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Encerrando com fecho de ouro seus comentários a diversas escadas, Dr. Plinio se refere com enlevo àquela por ele considerada arquetípica: a Scala Santa de Roma. Erguida no antigo pretório de Pilatos, em Jerusalém, Nosso Senhor a subiu e desceu na Sexta-Feira Santa, e do alto dela, chagado e coroado de espinhos, foi apresentado ao povo sob o anúncio de “Ecce Homo!” .

Analisamos nas exposições anteriores como a construção de uma escada deve se orientar no sentido de fazer desta um ornato para a ação de subir e descer, seja do homem, seja da mulher, impondo-lhes a arte de realizá-la. É uma forma de dignificar a natureza humana, inclusive nos seus atos mais corriqueiros.

O mais esplendoroso subir de escada

Passemos, agora, ao ponto pinacular dessas cogitações.

Qual foi o personagem que com mais nobreza e esplendor subiu a rampa, a escada, a montanha mais majestosa da História?

Trata-se de um perseguido, humilhado, desprezado, fustigado, coberto de feridas do alto da cabeça à planta dos pés, condenado à morte, diante de cujo nome todo joelho deve dobrar-se: Nosso Senhor Jesus Cristo.

Tudo o que Ele fazia era infinitamente nobre, mesmo nas situações mais próprias a significar opróbrio, repúdio e humilhação. Em sua natureza humana aliava uma simplicidade e uma magnificência insondáveis. Jamais houve alguém que se comparasse a Ele em humildade e nobreza.

Podemos imaginá-Lo em diversas ascensões. Por exemplo, escalando com os três Apóstolos o Monte Tabor, em cujo cimo haveria de se transfigurar. A cada passo Ele se tornava misteriosamente mais glorioso, e irradiava seu esplendor para os discípulos os quais, atônitos, encantados, mudos de admiração, acompanhavam seu Mestre.

Desfigurado e triturado como
um verme, levando a cruz
às costas, Nosso Senhor
subiu o monte Calvário
com nobreza e glória
incomparáveis

Podemos vê-Lo galgando a escada do Pretório de Pilatos. O Redentor, digno, afirmativo, seguro de si, fitando o ímpio governador com a tristeza de um pai, mas ao mesmo tempo com a majestade de um Deus.

Para o alto, rumo ao supremo sacrifício

Ou ainda O contemplarmos — que sublimidade! — vencendo as encostas do Calvário com a cruz às costas. Desfigurado, triturado como um verme, sem se deixar abater pelas três quedas, subia, subia, subia rumo ao sacrifício supremo para redimir os homens.Quem O acompanhava?

Simão de Cirene, por certo sumido em adorações que ateavam fogo em sua alma. Provavelmente, sentia ele receber do Céu uma disposição particular para servir de socorro ao Cordeiro de Deus naquele momento. E percebia então que, enquanto prestava auxílio a Jesus, o próprio Nosso Senhor o ajudava a carregar o peso do madeiro.

Um dos óculos através dos
quais se pode venerar as relíquias do
preciosíssimo sangue na Scala Santa

Seguiam-No também as santas mulheres, as quais, devido à dilaceração da dor, não se sabe até que ponto percebiam a majestade da cena. Porém, entre elas se achava uma, incomparavelmente superior às demais, que compreendia e admirava não só o sacrifício, mas igualmente a glória e o esplendor daquela subida. Era Nossa Senhora. Conhecia a majestade do próprio Filho e O adorava. Ela, a mãe do Rei, via-O caminhar para algo de infinitamente mais alto que o trono…

Como é nobre um monarca galgar os três ou quatro degraus que o conduzem a seu régio assento. Contudo, como é mais glorioso, a perder de vista, o Homem-Deus subir o Calvário, levando a cruz na qual deveria morrer por nós! Não é capaz de ter idéia da verdadeira nobreza, nem a noção global da Paixão, quem não compreender a majestade de Nosso Senhor subindo o Gólgota. (Revista Dr. Plinio, Dezembro/2005, n. 93, p. 10 a 13).

 
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