Ao ver-se enganado pelos magos, Herodes se enfureceu e mandou matar, em Belém e seus arredores, a todos os meninos menores de dois anos, de acordo com a data que os magos lhe haviam indicado. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelo profeta Jeremias: “Em Ramá se ouviu uma voz, houve lágrimas e gemidos: é Raquel, que chora seus filhos e não quer que a consolem, porque já não existem”.
Quando morreu Herodes, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, que estava no Egito. Disse-lhe o Anjo: «Levanta, toma o menino e sua mãe, e regressa à terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino». José levantou-se, tomou o menino e a sua mãe, e entrou na terra de Israel. Porém, ao saber que Arquelao reinava na Judeia, no lugar de seu pai Herodes, teve medo de ir ali e, advertido em sonhos, retirou-se para a região da Galileia, onde se estabeleceu em uma cidade chamada Nazaré. Assim cumpriu-se o que havia sido anunciado pelos profetas: “Será chamado Nazareno”.
Contudo, no segundo capítulo do Evangelho de São Mateus encontramos a narração das circunstâncias da fuga da Sagrada Família de Belém para o Egito.
Nesta ocasião, José, o pai adotivo que protegia a vida do Menino Jesus, fugiu levando consigo Maria e seu Filho. Inspirado em sonhos por um Anjo e marchou para o Egito. Lá, segundo a tradição, refugiaram-se durante seis meses no monte Qusqam, sendo acolhidos pelos habitantes da região.
O Egito foi honrado com a presença de Jesus na sua primeira infância junto com sua Mãe Nossa Senhora e o pai São José. Tonou-se assim também uma Terra Santa.
Após algum tempo, finalmente, uma nova aparição do Anjo, em sonho, anuncia a São José a morte de Herodes. A Sagrada Família pode, então retornar para a terra de Israel.
Na narração da fuga da Sagrada Família para o Egito, três versículos (Mt 2,16-18) descrevem a ferocidade do rei Herodes contra santos inocentes. Esse tirano, para matar Jesus, decidiu exterminar todos os meninos de dois anos para baixo que viviam em Belém.
Este acontecimento da matança dos Santos inocentes pode ser interpretado como sendo um prelúdio das grandes perseguições dos mártires durante os primeiros séculos. Com a matança de inocentes, Herodes quis sufocar toda possibilidade de perigo que o levasse a perder seu domínio absoluto. E, para ele o Messias representava uma grande ameaça.
São Mateus interpreta a história da matança dos inocentes sob o ponto de vista do plano salvífico de Deus e a entende em um sentido profético como sendo o cumprimento das Escrituras. É por isso o evangelista faz referência ao profeta Jeremias, que se narra o lamento da matriarca Raquel pelo povo de Israel, levado ao exílio na Babilônia: «um grito se ouve em Ramá, pranto e lamentos grandes; é Raquel que chora por seus filhos e recusa o consolo, porque já não vivem» (Mt 2,18; cf. Jr 31,15). Para Mateus, os meninos assassinados em Belém representam o povo de Israel e a dor vivida pelas mães é a dor do povo que não reconheceu o Rei-Messias. (JS)