O amor de Deus pelos homens não tem limite. Dirigindo as coisas e acontecimentos, o Senhor se manifesta aos seus amigos, e reforça nossa fé. A vida do Padre Cláudio de La Colombière foi esse sinal deste fluxo de carinho divino.
Sua providencial ida ao mosteiro de Paray-le-monial, onde se encontrou com uma outra santa que precisava muito das certezas sacerdotais, e depois sua viagem para assumir como capelão da duquesa de York e o amparo aos cristãos perseguidos fizeram de sua vida uma resposta constante de Deus aos homens.
Mas vamos aos seus verdes anos para entender melhor a linguagem do amor.
Tendo nascido nas proximidades de Lion, na França, em 02 de fevereiro de 1641, o pequeno Cláudio já parecia ter um futuro arquitetado. Isto porque seus pais eram, antes de cristãos, ricos e nobres, e afirmavam não poucas vezes que Cláudio teria uma posição de prestígio na Igreja.
Algo difícil de imaginar hoje para nós, cristãos hodiernos, mas pertencer à Santa Igreja era o maior prestígio que uma família podia desejar. Não poucas faltas foram cometidas pelo desejo do orgulho e vaidade diante desta situação, e é justamente por isso que São Cláudio era tão contrário a essa ideia.
Ele afirmava veementemente que não assumiria a vida religiosa apenas para ensoberbecer ainda mais sua família. Assim percebemos a retidão da alma do jovem francês, que, com sinceridade, queria de seus pais posições de alma mais católica.
Porém, quando atingiu idade para os estudos, e teve contato com os jesuítas, ficou encantado com a ordem de Santo Inácio. O desejo da vida religiosa, que antes era formalmente deixado de lado pela insistência impertinente dos pais, floresceu com as devidas disposições.
Em 1675 já o vemos ordenado sacerdote, tendo estudado primeiro em Lion, depois Avignon, e por último em Paris. De luminosa inteligência, de ardorosa fala e sincera pregação, todos viam em São Cláudio um prelado que receberia uma função muito destacada na Igreja de Deus.
E recebeu. Só não aos olhos humanos, mas sim aos dos anjos.
Mas a cidadezinha de Paray-le-Monial não tinha grandes atrativos, nem grandes expectativas, visto que pouco de lá saía para circular nas altas cortes da França. Mas isso porque os homens tendem a não olhar para aquilo que importa.
Na cercania da vila estava o mosteiro onde se hospedava e vivia a religiosa Margarida Maria Alacoque, a grande santa que recebeu as revelações do Sagrado Coração. Infelizmente, a piedade popular julgava mal esta devoção e maltratava com fofocas e calúnias a portadora das palavras de Jesus.
O padre Cláudio, com a ordem de ser seu confessor, foi confirmando a devoção pedida pelo Senhor do Céu à sua serva, desmitificando as bobagens que se diziam de Santa Margarida. O Coração de Jesus, tão Sagrado, que tanto amou os homens, merecia esta especial referência no céu estrelado das devoções católicas.
Pedindo que Santa Margarida Alacoque escrevesse tudo o que via, permitiu que os cristãos de todas as idades tivessem acesso a estes manuscritos que hoje luzem como palavras de imenso carinho e amor de Jesus por nós, mesmo sendo tão pecadores ou miseráveis.
Sua próxima visita providencial foi à nação inglesa, que naquela época proibia a Igreja Católica de ministrar sua fé. Porém, como capelão da duquesa de York, um dos mais importantes ducados da Britânia, tinha autorização para celebrar missas e atender confissão.
Assim, São Cláudio de la Colombière próprio narra quantos foram até eles: padres, freiras, leigos, que viviam oprimidos pelo sistema religioso anglicano, e que viam no Padre Cláudio uma tábua de salvação divina para receber os sacramentos, impedidos por tanto tempo.
Tendo feito uma missão pelas nações colonizadas, mas perseguido pela coroa por evangelizar em suas terras, São Cláudio foi preso e mandado para França. Doente e moribundo, na paróquia de Paray-le-Monial, o consolo de Deus para o mundo católico, Padre Cláudio, entregou sua alma nas mãos do Coração de Jesus no dia 15 de fevereiro de 1683.