São Berardo e seus companheiros, celebrados no dia 16 de janeiro, trazem como resumo de suas vidas as bem-aventuranças evangélicas.
"Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus": São Berardo aparece na História da Igreja apenas quando se torna não só um desapegado, um pobre de coração, mas quando de fato troca suas vestes pelo hábito Franciscano.
Como bem sabemos, São Francisco instituiu sua ordem para que, na maior pobreza possível, pudesse dar o exemplo à sociedade que se viciava na posse de riquezas. São Berardo, foi assim, um autêntico pobre que mereceu o Reino dos Céus.
"Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados": mais uma vez nosso santo franciscano, em sua caminhada pela terra, mereceu a recompensa que era prometida. Quando foi preso com seus companheiros, os exortava a permanecerem firmes, generoso e caridoso. As lágrimas pelos seus não foram à toa.
"Bem-aventurados os mansos, os pacíficos, pois eles possuirão a Terra, e eles terão misericórdia": São Berardo, diante do insulto, das maquinações e traições do mundo, em seu calvário particular perante os mouros que o aprisionaram, não desejou a eles mal, mas antes que se convertessem.
"Bem-aventurados os puros de coração, pois eles verão a Deus": essa bem-aventurança, umas das mais lindas entre a que Cristo anuncia, dita que os puros verão a Deus não só no Céu, mais ainda nesta vida. Verão a Deus no seu próximo, verão a Deus em suas obras, verão a Deus no tabernáculo.
São Berardo, mesmo diante da corte infame do rei mouro, que possuía seus tantos haréns, um prisioneiro de seu próprio vício, manteve a pureza como um arminho que, ao se ver cercado de sujeira, prefere entregar sua vida a se macular.
"Bem-aventurados os perseguidos pela justiça, pois deles é o Reino dos Céus". Aqui temos São Berardo e seus companheiros perseguidos pelos inimigos da fé.
Tendo sido presos logo após seu pai espiritual, São Francisco, em 1219, os enviar para Sevilha, foram levados às pressas ao Rei Muçulmano.
Mesmo com as ameaças, os irmãos franciscanos não se calaram, e com valentia continuaram pregando o Evangelho de Cristo. Como costuma acontecer aos santos, a graça começou a abrir terreno naquele antro de vícios e politicagens, e muitos se converteram.
Preocupado com a integridade de seu reino, o rei os enviou para Marrocos, para que ficassem isolados, intimidados, perdessem a coragem, e assim, a fé.
Pobre Rei Mouro! Não sabe ele que onde há um Cristão, há um Cristo! Onde há um católico, há a Igreja! Em frente aos maiorais da religião muçulmana, eles continuaram a pregar as maravilhas do único Deus verdadeiro.
A infâmia do califa não os suportou por muito tempo: ele ordenou que os cinco companheiros franciscanos, entre eles São Berardo, fossem açoitados e depois decapitados.
Quando São Francisco soube da notícia, o pesar não permaneceu em sua face; ele sabia que agora seus filhos o precederam no Reino dos Céus. Afinal, para quem segue as bem-aventuranças, apenas uma coisa basta: a salvação eterna.