São Gonçalo nasceu em Lagos, no Algarves, Portugal, pouco depois de 1370, ainda em plena Idade Média.
Já pequeno mostrava a todos uma caridade incomum, como contam as crônicas sobre o “milagre do atum”, que o jovem Gonçalo teria realizado.
Visto que seu pai era pescador, trazendo-lhe um cesto com pedaços de atum, Gonçalo, compadecendo-se dos famintos, distribuiu todo o alimento entre os pobres. Contaram a seu pai que, pouco satisfeito com essa atitude, foi cobrar do menino a verdade. Porém, quando viram o cesto, este ainda estava cheio dos pedaços de atum, como se não tivesse sido tocado.
Assim se espalhou a fama do milagre do atum, feito pelo jovem Gonçalo.
Ao fazer seus vinte ou vinte e um anos ─ a história é pouco precisa ─ o nosso santo entra na ordem dos eremitas de Santo Agostinho, fazendo-se monge. Com uma inteligência brilhante, logo conquista a seus professores com seus escritos e iluminuras. De fato, São Gonçalo foi eleito, já mais tarde, como superior do mosteiro, tomando o cargo de Prior em 1435.
Mesmo se saindo tão bem nos estudos, o santo português não quis receber nenhum título acadêmico: a sua vocação apontava para outro caminho. Assim, decidiu se fazer sacerdote e servir pela palavra e pelo exemplo.
Peregrinou por alguns mosteiros da Antiga Portugal como superior, sempre lembrando a todos da santidade do Pai e das recompensas do Céu para a vida digna que era lhes pedido.
Como sabia que Cristo veio à Terra para servir, não para ser servido, fazia muitas vezes, mesmo sendo o superior do mosteiro, os trabalhados mais simples e cansativos, como porteiro e cozinheiro. Também exercia sempre a função de enfermeiro, pela grande caridade para com os que sofriam.
O último mosteiro que tomou conta foi o de Terras Vedras, onde faleceu e expirou na paz do Senhor, já a 10 anos no governo da abadia.
São Gonçalo de Lagos é invocado como padroeiro dos pescadores, pois livrou seu sobrinho de uma impiedosa tormenta:
Apenas 15 anos após sua morte, este parente embarca em uma viagem na mesma cidade de Lagos. Visto que uma chuva incessante se abate sobre eles, levando o navio a terríveis balanços, o sobrinho invoca em voz alta: “Tio Santo, Tio Santo, Tio Santo, Salvai-me!” Na mesma hora, avistou um frade agostiniano, com hábito, à beira da praia, que vem em sua direção, andando pelas águas, e o toma pela mão, conduzindo-o à terra firme.
“Eu sou o tio por quem chamastes. Ide-vos curar até que cobreis forças para poder caminhar. E já que em vida não me visitastes, fazei-o agora. Ide ao Mosteiro de Santo Agostinho, de Torres Vedras, onde o meu corpo está sepultado e fazei aí oração e recebereis aí saúde perfeita das chagas e feridas que neste naufrágio recebestes”.
O jovem sobrinho obedeceu à santa aparição, indo ao mosteiro e se curando completamente.
A partir dos relatos do parente, os portugueses de Lagos se aconchegaram à proteção de São Gonçalo, festejando-o no dia 27 de outubro, dia de sua morte. Assim, passaram a representar o santo segurando uma pequena caravela, embarcação da época.
(Fonte: P. Hipólito Martínez, OSA in São Gonçalo de Lagos, Editorial A.O. 27.10.2008)