Diante do magnífico mistério da Encarnação do Verbo, Deus colocou em primeiro lugar a Virgem Maria, de cujo seio nasceria o Homem-Deus, para isso acontecer enviou um mensageiro celeste, o anjo São Gabriel, que disse: “Ave, ó cheia de graça, o Senhor é contigo”(Lc 1,26) , a partir dessa saudação estava realizada a promessa de Deus aos homens e, a partir do “sim” de Maria o Verbo de Deus se encarnou. Outro “sim” marcou a história da humanidade, o de São José.
Destinado por Deus para ser o esposo de Maria, José era descendente de Davi e, quando jovem, segundo a tradição, fizera voto de virgindade. Quando já era varão, de seus quarenta anos, recebeu a incumbência de formar o Homem-Deus. Imaginemos o Menino Jesus ajudando a São José em seus trabalhos de carpintaria, São José diz: “Meu filho Vós sois Deus e fostes Vós que destes a luz da inteligência ao homem para saber lidar com a natureza, mas como Vós também sois Homem, Te peço que me ajudes nisto” e o Menino Deus fazia tudo com enlevo de obedecer ao seu pai. Enquanto isto Nossa Senhora costurava algo com toda perfeição. Que convívio sobrenatural o da Sagrada Família!
Garrigou Lagrange afirma: “A missão de São José ultrapassa até a ordem da graça, e confina com a ordem hipostática constituída pelo próprio mistério da Encarnação”(1). Vê-se claramente que São José cumpriu inteiramente a sua alta vocação. Além de ter dado sustento ao Menino Deus foi o guarda da Virgem Maria. São José, ainda que tenha recebido graças esplendorosas, também foi provado por Deus. “Ora, a origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, ela encontrou-se grávida pela ação do Espírito Santo. José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo.”(Mt 1,18-19) “José quis afastar-se de Maria por julgar-se indigno de viver na companhia de uma virgem tão santa”(2). São José via passar os meses e, eram visíveis os sinais de gestação, ele nada perguntou e ela nada lhe falou. “Ó inestimável louvor de Maria! Acreditava São José mais na castidade de sua esposa do que naquilo que seus olhos viam, mais na graça que na natureza: percebia claramente que Ela era Mãe, e não podia crer que fosse adúltera; julgou ser mais possível uma mulher conceber sem o concurso de um varão do que Maria poder pecar”.(3) Não errou São José, mas já tinha decidido abandonar Maria.
“Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe. em sonho, e lhe disse: José, filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque Ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado e aceitou sua esposa”.(Mt 1,20.24) Nesta passagem vemos o “sim” de São José, aquele sim que o levaria a ser o pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo e, séculos depois seria solenemente declarado Patriarca da Igreja Católica pelo papa Beato Pio IX, em 1870. Na mesma ocasião foi dedicado o dia 19 de Março a São José, sem oitava por motivo da Quaresma.
Diante do conhecimento das graças concedidas a São José e do seu “sim”, nos resta pedir a graça de cumprirmos completamente com a vocação que Deus nos deu, dando a rogos de São José, o nosso “sim”.
A devoção a São José
Em 1129 surge uma igreja em sua honra na Bolonha, até então uma devoção privada, que ganhou grande ímpeto pelas teses de alguns santos como São Bernardo, São Tomás de Aquino, Santa Gertrudes e Santa Brígida de Suécia, nos séculos XII a XIV. No século XV houve os principais propulsores dessa devoção entre os quais São Vicente Ferrer (+ 1419); Pedro d’Ailly (+ 1420); São Bernardino de Sena (+1444); e Jehan Charlier Gerson (+ 1429); que, graças a seus esforços, foi aprovado um dia a São José no calendário litúrgico, sob o pontificado de Sisto IV (1471-1484). Já sob o pontificado de São Pio X, no dia 18 de Março de 1909 foi aprovada a ladainha de São José que segue abaixo:
Ladainha de São José
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Santa Maria, rogai por nós.
São José, rogai por nós.
Ilustre filho de David , rogai por nós.
Luz dos Patriarcas, rogai por nós.
Esposo da Mãe de Deus, rogai por nós.
Casto Guarda da Virgem, rogai por nós.
Sustentador do Filho de Deus, rogai por nós.
Zeloso defensor de Cristo, rogai por nós.
Chefe da Sagrada Família, rogai por nós.
José justíssimo, rogai por nós.
José castíssimo, rogai por nós.
José prudentísssimo, rogai por nós.
José fortíssimo, rogai por nós.
José obedientíssimo, rogai por nós.
José fidelíssimo, rogai por nós.
Espelho de paciência, rogai por nós.
Amante da pobreza, rogai por nós.
Modelo dos operários, rogai por nós.
Honra da vida de família, rogai por nós,
Guarda das virgens, rogai por nós.
Sustentáculo das famílias, rogai por nós.
Alívio dos infelizes, rogai por nós.
Esperança dos doentes, rogai por nós.
Padroeiro dos moribundos, rogai por nós.
Terror dos demônios, rogai por nós
Protetor da Santa Igreja, rogai por nós
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
V. Ele constitui-o senhor de Sua casa.
R. E fê-lo príncipe de todos os seus bens.
Oremos: Deus, que por inefável Providência, Vos dignastes escolher a São José por Esposo de vossa Mãe Santíssima; concedei-nos, Vo-lo pedimos, que mereçamos ter por intercessor no Céu aquele que veneramos na Terra como protetor. Vós que viveis e reinais nos séculos dos séculos. Amém
(1) GARRIGOU-LAGRANGE,Réginald. La Mére du Sauveur et notre vie intérieure, p.III, c.VII
(2) JOURDAIN, Zèphyr-Clément. Somme des grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Walzer, 1900, t.II, p.321.
(3) SAN JUAN CRISÓSTOMO. Hom I in Mat., apud SUÁREZ,SJ, Francisco. Misterios de la vida de Cristo.Madrid: BAC, 1948, v.V, p.254