Maria Santíssima estava predestinada desde toda eternidade a ser mãe de Deus. E por isso mesmo, no momento em que foi concebida no ventre de Santa Ana, não apenas ficou preservada da mancha original como recebeu a plenitude do Espírito Santo num grau mais elevado do que todos os Anjos e santos reunidos.
Entretanto, no momento em que Ela disse sim às palavras do Anjo e que o Verbo se fez carne e habitou entre nós, essa plenitude atingiu um píncaro inimaginável. Não podia haver dignidade maior entre as meras criaturas que ser elevada a Mãe de Deus, participando do plano hipostático. Foi através d’Ela que a Obra da Redenção se tornou possível, porque Deus assim o quis. Sua grandeza exigia uma perfeição digna, de certo modo, do Criador. Daí a palavra dum Santo: “Só Deus pode conceder o cabedal de graças depositado na Divina Mãe no dia Encarnação” (São Bernardino de Sena).
Essa santidade de Maria – ó prodígio – crescia a cada instante de sua vida, de modo especial nos momentos cruciais da vida de seu Filho, a Paixão e Ressurreição de Jesus.
Que virtudes admiráveis Maria praticou ao longo da dolorosa Paixão do Redentor. Ela, a melhor de todas as mães, amando com todo ardor de seu Coração Imaculado o melhor de todos os filhos, que Ela concebeu por obra do Espírito Santo, que Ela maternalmente gerou no tempo e na carne, que Ela amamentou e cuidou com tanta solicitude, e que Ela, em união com o Pai Celeste, se dispôs a oferecer pela humanidade pecadora. Mas Ela não assistiu isso de longe. Acompanhou com coragem a Via Dolorosa, e ficou de pé junto a Cruz de Jesus. Quanta força, quanta virtude, quanta santidade não precisaria ter essa alma?!
Momento talvez ainda mais cruel ainda estava por chegar: após o sepultamento do corpo de Jesus, que vazio Ela deve ter sentido. Seu Filho não estava mais no mundo. Muitas pessoas sabem o que é perder um filho e podem imaginar melhor o que Maria deve ter sofrido nessa ocasião. Porém, sua Fé inabalável na Ressurreição sustentou sozinha a Igreja nascente por três longos dias.
Todo esse sofrimento foi largamente recompensado por ocasião da descida do Espírito Santo sobre Ela e os Apóstolos reunidos no Cenáculo. Mais uma vez sua plenitude de graças crescia de modo magnífico. “No dia de Pentecostes, diz um grande servo de Deus, o Espírito Santo desceu primeiro sobre a Divina Mãe e difundiu-Se depois entre os Apóstolos sob a forma de línguas de fogo. O Ministério Apostólico, de fato, destinado a comunicar a graça, deveria receber seu último aperfeiçoamento pelo canal d’Aquela que é a sua despenseira. Seja como for, os Apóstolos deveram sem dúvida às preces de sua amada Soberana, e às suas próprias disposições, a plenitude da sabedoria e santidade que receberam nesse grande dia.” (Pe. Luís Bronchain, C. SS. R., Meditações para todos os dias do ano.)
Tendo-A como modelo e intercessora, rogamos que Ela prepare nossos corações para serem uma digna morada do Divino Paráclito! Para isso, trabalhemos com Ela para unir em nós a inocência à penitência, o temor de Deus à confiança n’Ele, a humildade à grandeza de alma, e a delicadeza de consciência à generosidade do sacrifício. Esforcemo-nos com Maria para subir a Deus pelos diversos graus do recolhimento, da pureza de coração e da oração contínua.
Segundo Santo Ildefonso, assim como o fogo penetra o ferro e o abrasa, conferindo as propriedades próprias ao mesmo fogo, assim o Espírito Santificador se apoderou da Alma de Maria e Lhe transmitiu seus dons e concedeu a Ela o poder de os transmitir a quem Ela quiser; basta-Lhe pois inclinar-Se a nós para encher-nos do mesmo Espírito. “Todos os dons, virtudes e graças, diz São Bernardino de Sena, são dispensados pelas mãos de Maria a quem Ela quer, quando e como quer”. Ora, Ela quer cumular-nos de favores mais do que nós poderíamos desejar receber. Deixemos as portas de nossos corações abertas para que Ela possa tomar posse e nos encher dos dons do Espírito Santo. (Fonte: Blog Acadêmicos Arautos)