O Prof. Plinio Correa de Oliveira assim nos apresenta a sabedoria da Santíssima Virgem:
A sabedoria, enquanto virtude da inteligência, nos faz ver todas as coisas pelos seus aspectos mais elevados, aqueles por onde elas mais se assemelham a Deus Nosso Senhor, ser absoluto, infinito, perfeito e eterno, que jamais poderá sofrer nenhuma alteração.
Considerando assim o universo, a mente humana adquire uma admirável unidade e uma extraordinária coerência: nada de contradição, de dilaceração ou de hesitação, mas certeza, fé, convicção, firmeza desde os mais altos princípios até às menores coisas.
Esta é a fisionomia moral do verdadeiro católico: coerente em tudo, porque tudo nele provém das mais altas cogitações do espírito, isto é, daquelas que se ancoram em Deus Nosso Senhor. Enquanto virtude da vontade, a sabedoria é a disposição de seguir o que a inteligência conhece e nos indica, e, portanto, de fazermos inabalável e firmemente aquilo que é nosso dever.
Inteligência soberanamente límpida e lúcida, porque cheia de convicção da existência de Deus e de fé sobrenatural; inteligência, porque límpida e lúcida, sumamente coerente; vontade forte, firme, inabalável, constantemente voltada para o fim que ela deve ter em vista – isto nos revela o homem sapiencial. Esta virtude da sabedoria contém, portanto, todas as outras virtudes, e está posta no primeiro mandamento da Lei de Deus.
Quando o decálogo nos diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento” (Dt. VI 5), ele nos prescreve de sermos assim.
E tal é Nossa Senhora.
O Coração de Maria Santíssima (quer dizer, sua alma) é soberanamente elevado, soberanamente grande, soberanamente sério, soberanamente profundo, porque é sapiencial. Ela é o vaso de eleição no qual pousou o Espírito Santo, para nele gerar a Nosso Senhor Jesus Cristo.
E o único hino que conhecemos como proferido por Nossa Senhora em sua vida terrena, é uma verdadeira maravilha de sabedoria: o Magnificat.
“Minha alma engrandece o Senhor; e o meu espírito exulta em Deus meu Criador; porque considerou a humildade de sua serva, por isso todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc. I, 47-48). Quanto é possível a uma mente criada, Nossa Senhora mediu, por sua sabedoria, toda a grandeza de Deus, e nisto se alegrou.
De outro lado, considerou sua pequenez, e então disse: “Eu me alegro em Deus meu Salvador, porque Ele olhou para a baixeza de sua escrava”. Isto é um poema de Contra-Revolução! É a escrava que se encanta de ser escrava, de ser pequena, de ver como Deus é infinitamente superior a Ela, e do fundo de seu nada glorifica o Senhor.
É o pequeno que reconhece, com agrado, a sua posição. O escravo não tem direitos, e está colocado abaixo da condição comum dos homens. Pois bem, Nossa Senhora se proclama escrava de Nosso Senhor Jesus Cristo, precursora de todos os escravos que Ela iria ter ao longo dos séculos. E foi sobre a humildade desta criatura escrava que aprouve ao Senhor deitar os olhos, e por isso Ela exulta: porque a grandeza amou a pequenez.
Isto é profundamente contra-revolucionário. Eis a verdadeira humildade que ama seu lugar inferior, adorando a grandeza que a eleva.
Eis o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria!*
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Façamos neste fim de semana a nossa Comunhão Reparadora do Primeiro Sábado, tenho presente a beleza, a grandeza, a sacralidade e a sublimidade do Imaculado Coração de Maria. Peçamos à Santíssima Virgem perdão para nossos pecados e de toda a humanidade, e que venha o quanto antes o triunfo de seu Imaculado Coração.