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Evangelho do 4º Domingo, o Bom Pastor
 
AUTOR: MONS. JOÃO SCOGNAMIGLIO CLÁ DIAS, EP
 
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Jesus Se revelou como o Bom Pastor, que arrisca a vida por suas ovelhas. Foi esta uma das ocasiões nas quais Ele exprimiu de modo mais tocante seu amor infinito por nós.
João Clá Dias

Mons. João S. Clá Dias

Já nos primórdios do Antigo Testamento, há uma insistência na figura do rebanho e do pastor, desde a família de Adão (Gn 4, 2.4.20), na pessoa de Abraão (Gn 12, 16), de Lot (Gn 13, 5), e do próprio rei Davi (I Sm 17, 34-35).

Aos poucos, na condução do rebanho, o pastor vai se tornando símbolo dos guias do povo de Deus, a ponto de a Escritura referir- se a eles com estas palavras: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com inteligência e sabedoria” (Jr 3, 15).

Porém, a figura do Pastor toma a plenitude de seu significado no Ser por excelência, o próprio Deus: “Eis o que diz o Senhor Javé: vou castigar esses pastores, vou reclamar deles as minhas ovelhas, vou tirar deles a guarda do rebanho, de modo que não mais possam fartar a si mesmos; arrancarei minhas ovelhas da sua goela, de modo que não mais poderão devorá-las. Pois eis o que diz o Senhor Javé: vou tomar Eu próprio o cuidado com minhas ovelhas, velarei sobre elas.” (Ez 34, 10-11)

Jesus, o Bom Pastor

bom pastorPor fim, apareceria nos céus da História o Pastor arquetípico, o Bom Pastor: “Eu irei em socorro de minhas ovelhas para poupá-las de serem atiradas à pilhagem; e julgarei entre ovelha e ovelha. Para pastoreá-las suscitarei um só pastor […]. Será ele quem as conduzirá à pastagem e lhes servirá de pastor” (Ez 34, 22-23).

Contudo, Jesus é o Pastor que deu a vida por seu rebanho; ademais, está sempre disposto a ir atrás da ovelha perdida e, encontrando-a, retornar alegre e feliz com ela sobre os ombros.

Quem alguma vez não se sentiu ovelha desgarrada, e nos ombros de Jesus sendo reconduzida ao aprisco?

É nesta perspectiva que se insere o Evangelho do 4º Domingo da Páscoa.

As circunstâncias: a cura do cego de nascença

As palavras pronunciadas por Jesus se prendem a um episódio antecedente, denso de emocionante carga simbólica. Inicia-se ao incidir o olhar de Jesus sobre um cego de nascimento. Era comum julgarem os judeus haver uma relação entre as enfermidades e os pecados cometidos pelo doente ou por seus parentes. Por isso perguntaram os discípulos ao Senhor: “Mestre, quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9, 2).

A resposta firme de Jesus e o desenrolar dos acontecimentos subsequentes deitarão luz para melhor entendermos o Evangelho de hoje: “Nem este pecou nem seus pais, mas é necessário que nele se manifestem as obras de Deus” (Jo 9, 3). Tendo feito esta profética afirmação, tomou a iniciativa de curar o cego.

“Um só rebanho e um só pastor”

Jesus não só conhece como efetivamente ama suas ovelhas, desde toda a eternidade. Ele as criou, uma a uma, e as redimiu com seu próprio Sangue, elevando-as a participarem de sua vida. Ademais, deixou-Se como alimento na Eucaristia até a consumação dos séculos. Seu trato para com o rebanho atinge extremos inimagináveis até mesmo pelo mais perfeito dos Anjos.

Através da fé e em virtude da graça, suas ovelhas, por reciprocidade, conhecem-No, n’Ele esperam e operosamente O amam. Desta forma, Bom Pastor e ovelhas relacionam-se de maneira semelhante ao convívio existente entre as três Pessoas da Santíssima Trindade, em um só Deus. Esta é a principal razão de seu desejo-profecia: “haverá um só rebanho e um só pastor”.

Pastor
Também nós devemos ser pastores…

Dispôs assim Deus que as figuras do cordeiro, do rebanho e do pastor facilitassem ao homem a compreensão da necessidade do apostolado. Em sua substância simbólica, elas reforçam princípios enunciados ao longo da Sagrada Escritura: “Impôs a cada um deveres para com o próximo” (Eclo 17, 12).

Em relação a Jesus, somos cordeiros; é nossa obrigação moral e religiosa reconhecer-Lhe a voz e seguir-Lhe os passos. Mas somos também muitas vezes chamados a representar o papel de pastores para com nossos irmãos, dever de caridade, como nos ensina São Pedro: “Como bons dispensadores das diversas graças de Deus, cada um de vós ponha à disposição dos outros o dom que recebeu” (I Pd 4, 10).

A Divina Pastora – Igreja de São Pedro Apóstolo, Arcos de la Frontera (Espanha)

Recorramos à Mãe do Bom Pastor

Maria é a Estrela da Nova Evangelização, lembrava-nos sempre o Papa São João Paulo II. Portanto, quem quiser ter sucesso nesse sublime empreendimento de atrair seus próximos para o aprisco de Jesus Cristo, não pode deixar de colocar seus trabalhos e sua própria pessoa sob a proteção e a orientação da Mãe do Bom Pastor.

Peçamos ao Coração Maternal e Imaculado que nos conduza ao Bom Pastor, e assim possamos cumprir com santidade nossos deveres de apostolado para com nossos irmãos.

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