Com o tempo da quaresma nos preparando para a semana Santa, onde Cristo se entregará por nós, a Santa Igreja convida seus fiéis à penitência e a purificação: a confissão, o jejum, a oração, meios de salvação. Assim também com as indulgências.
“Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”.
Tal definição está presente no Manual de Indulgências, Normas e Concessões, composto em língua nativa para os católicos brasileiros, amparado pelo manual oficial em latim.
Traduzindo em miúdos, indulgências são formas promulgadas pelos bispos e pelas autoridades da Igreja que purificam a pena do purgatório que um pecador teria que pagar após sua morte.
Como se sabe, o pecado tem três comprimentos de onda: contra Deus, contra si mesmo, e contra a natureza ou a ordem do universo. Os dois primeiros são perdoados no sacramento a confissão, mas ainda há a necessidade do faltoso pagar pela sua violência contra a obra da criação.
A indulgência, então, limpa essa pena e proporciona o aumento da graça de Deus na alma daquele que a recebe.
A indulgência só pode ser ofertada por um ministro da Igreja legítimo, ou seja, um bispo pode ofertar uma indulgência em sua diocese, enquanto o Papa a concede a todos os fiéis.
Porém, para que uma indulgência possa ser bem aproveitada e a pena temporal seja apagada, o fiel cristão precisa de três ações mais uma disposição de alma:
Como disposição, o católico precisa detestar de todo seu coração seus pecados, com a intenção reta de não o praticar mais.
Por exemplo, se um fiel quer receber indulgências, mas não quer se separar de alguém que constantemente lhe faz recair no pecado de embriaguez, ele não está com a disposição correta, e os benefícios não serão aplicados.
As indulgências se dividem em duas classes: as parciais, que apagam apenas uma parte da pena contra a ordem do universo, e as plenárias, que deletam toda esta pena.
Cada pessoa pode conseguir indulgências apenas para si mesmo ou para um falecido, não há a possiblidade de conseguir para um outro ser humano vivo.
Às almas do purgatório este benefício das indulgências a aliviam muito, pois apressam sua purificação e ida ao Céu. Por isso, muito vale alcançar indulgências aos falecidos queridos e que forma próximos de nós.
Eis aqui algumas das indulgências plenárias ou parciais mais comuns, para que o fiel cristão se beneficie delas sobretudo neste período quaresmal onde a penitência e a conversão são constantemente anunciadas.
– Adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora;
– Leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora;
– Piedoso exercício da Via Sacra;
– Recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação;
– Ato de contrição: Senhor meu Jesus Cristo, Deus e homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, de todo o meu coração de vos ter ofendido; pesa-me também de ter perdido o céu e merecido o inferno; e proponho firmemente, ajudado com os auxílios de vossa divina graça, emendar-me e nunca mais vos tomar a ofender. Espero alcançar o perdão de minhas culpas pela vossa infinita misericórdia. Amém;
– Visita à igreja paroquia: concede-se indulgência plenária ao fiel que com devoção visitar a igreja paroquial na festa do titular;
Visita à igreja ou oratório na comemoração de todos os fiéis defuntos: concede-se indulgência plenária, aplicável somente às almas do purgatório, aos fiéis que no dia da comemoração de todos os fiéis defuntos visitarem piedosamente uma igreja ou oratório.