Santo Estêvão é venerado como o primeiro mártir de Nosso Senhor Jesus Cristo – o Protomártir, para empregar a expressão consagrada, formada de duas palavras gregas.
Sobre o santo diácono, assim nos falam os Atos dos Apóstolos:
Naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, levantou-se uma murmuração dos helenistas contra os hebreus porque as suas viúvas eram desatendidas na distribuição quotidiana (dos socorros) . Então os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram:
– Não é conveniente que nós deixemos a palavra de Deus para servir às mesas. Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos desta obra. Nós, porém, ocupar-nos-emos totalmente na oração e no ministério da palavra.
Agradou esta proposta a toda a assembléia. E escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau, prosélio de Antioquia. Apresentaram-nos diante dos apóstolos e estes, depois de terem orado, impuseram-lhes as mãos.
A palavra do Senhor ia-se espalhando cada vez mais, e multiplicava-se muito o número dos discípulos em Jerusalém e também uma grande multidão de sacerdotes aderia a fé.
Estêvão, cheio de graça e fortaleza, fazia grandes prodígios e milagres entre o povo. Porém alguns da sinagoga, chamada dos libertos, dos sirenenses, dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, levantaram-se a disputar com Estêvão, e não podiam resistir a sabedoria e ao Espírito que inspirava as suas palavras. Então, subornaram alguns que dissessem que lhe tinham ouvido dizer palavras de blasfêmia contra Moisés e contra Deus. Amotinaram contra ele, o arrebataram e levaram ao conselho e, apresentaram falsas testemunhas que diziam:
– Este homem não cessa de proferir palavras contra o lugar santo e contra a lei; porque o ouvimos dizer que esse Jesus de Nazaré há de destruir este lugar, e há de mudar as tradições que Moisés nos deixou.
E, fixando nele os olhos todos os que estavam sentados no conselho, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
Então o sumo sacerdote disse:
– Estas coisas são assim?
Após discorrer brilhantemente sobre a história do povo eleito, desde Abraão até David, disse a todos:
Homens de cerviz dura, e incircuncisos de coração e ouvidos, vós resistis sempre ao Espírito Santo; assim como (foram) vossos pais, assim (sois) vós também. A qual dos profetas não perseguiram os vossos pais? Mataram até os que prediziam a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; vós que recebestes a lei por ministério dos anjos, e não a guardastes.
Ao ouvir tais palavras, enraiveciam-se nos seus corações, e rangiam os dentes contra ele. Mas, como ele estava cheio do Espírito Santo, olhando para o céu, viu a glória de Deus e Jesus que estava em pé à direita de Deus, disse:
– Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, em pé à direita de Deus.
Então eles, levantando um grande clamor, taparam os ouvidos, e todos juntos arremeteram contra ele com fúria; e tendo-o lançado fora da cidade, o apedrejavam; as testemunhas depuseram os seus vestidos aos pés de um jovem chamado Saulo. E apedrejavam Estêvão, que orava e dizia:
– Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
E, posto de joelhos, clamou em voz alta dizendo:
– Senhor, não lhes imputes este pecado.
E, tendo dito isto, adormeceu no Senhor. Saulo era cúmplice na morte de Estêvão.
(Vida de Santos, Padre Rohrbacher, Volume XXI, p. 81 à 88)