Roberto Francesco Romolo Belarmino nasceu em Montepulciano, na Toscana, em 4 de outubro de 1542.
O pai, Vincenzo Belarmino era de nobreza empobrecida. Entretanto, ocupou durante muitos anos o cargo de governador da cidade. A mãe, Cinzia Cervini, era pois irmã do futuro Papa Marcelo II que governou a Igreja durante apenas 22 dias, em abril de 1555.
São Roberto Belarmino, todavia, desde cedo se aplicou aos estudos, aprendendo com facilidade tudo a que se dedicava, inclusive a música. Mas lhe encantava também visitar o Santíssimo Sacramento, e, apesar da pouca idade, observava os jejuns do Advento e da Quaresma.
No entanto, aos catorze anos entrou no colégio da Companhia de Jesus, onde começou a despontar sua vocação de grande pregador e polemista.
Marcantes foram os êxitos acadêmicos que lhe valeu o cargo de professor de Humanidades no Colégio de Florença, apesar de seus 21 anos.
Em vista de seus rápidos progressos, São Francisco de Borja, então Superior Geral, lhe enviou para Lovaina, onde se precisava de homens de talento para defender o “Depósito da Fé”, fortemente questionado na época pelos luteranos.
Ademais, São Roberto estudou com afinco os Padres da Igreja, os Doutores, Papas, Concílios e a História da Igreja.
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Algum tempo mais tarde, com o intuito de ensinar a verdadeira doutrina contra os erros que se espalhavam nos centros universitários, o Papa Gregório XIII fundou no Colégio Romano uma cátedra de apologética chamada Controvérsias. Então, São Roberto encarregou-se dela por doze anos. Seus ensinamentos durante esse longo período por fim foram compilados, por ordem dos seus superiores, na obra Controvérsias.
Se a maior parte da Áustria e quase um terço da Alemanha ainda hoje permanecem católicos, podemos afirmar dever-se, em boa medida, ao apostolado de São Roberto Belarmino.
A atuação de São Roberto Belarmino na Cidade Eterna tornou sua nomeação como Cardeal inevitável. Ele, porém, recusava-se a aceitar o cargo, alegando incompatibilidade com seus votos. Mas o Papa Clemente VIII o obrigou a aceitar em nome da Santa Obediência. Assim afirmou o Papa: “Nós o elegemos porque não há na Igreja de Deus outro que lhe equipare em ciência e sabedoria”.
Eleito Paulo V, este o trouxe para junto de si. Ainda dezesseis anos passaria em Roma, desempenhando os mais altos cargos a serviço da Santa Sé e intervindo nos assuntos mais importantes.
Serenidade na vida e na morte
Ao sentir se aproximar a morte, São Roberto pediu ao Papa Gregório XV dispensa de todos os seus cargos na Cúria. Retirou-se pois para o Noviciado de Santo André, no Quirinal, a fim de “esperar o Senhor”, como costumava dizer. Recebeu a visita de muitas pessoas ilustres – até mesmo o próprio Papa -, que lhe pediam um último conselho ou uma bênção. Depois de curta enfermidade, despediu-se desta terra com uma morte serena.
Pio XI o canonizou em 29 de junho de 1930, e o declarou Doutor da Igreja no ano seguinte. Aquele que, durante a vida, com tanto empenho fugira de honras e dignidades, tornava-se assim o único jesuíta inscrito na lista dos santos como Cardeal e como Bispo. (Irmã Clara Isabel Morazzani Arráiz, EP; Revista Arautos do Evangelho, Set/2010, n. 105, p. 30 à 33)