Com a celebração da paixão de Jesus, muitos cânticos começaram a surgir da convicção da fé e da certeza da vitória. Um deles, muito especial e que traz um lindo resumo sobre o festa pascal, é o Christus Ressurgens: “Cristo ressuscitou”.

Cristo Ressuscitou, aleluia: cântico explicado

Christus Ressurgens é uma música sacra, gregoriana, em latim, própria da Igreja Católica. Seu desenho melódico é floreado e jubiloso, atestando bem a vitória de Cristo na Páscoa. Seu refrão faz menção a este milagre extraordinário, pois, conforme São Paulo, aquele que ressuscitou já não morre mais.

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“Cristo ressurgido dos mortos já não morrerá. A morte já não tem mais poder sobre ele. Pois aquele que morreu com o pecado, está morto de vez; porém, aquele que vive, vive com Deus, aleluia”.

O autor do cântico, ao falar da ressurreição de Cristo, comenta o benefício para a humanidade, já que foi por vontade de Deus que seu Filho se entregasse em resgate dos homens. Assim, quando cremos e professamos o sofrimento de Jesus, estamos vivos para Deus. É uma importante verdade que o escritor e musicista põe diante de nossos olhos: a maneira mais perfeita de honrarmos a morte de Nosso Senhor, portanto, é praticarmos a vontade d’Ele, que é o cumprimento dos mandamentos e a prática das virtudes.

Estrofe desafiadora

Mas o cântico ainda apresenta ousadamente, em sua estrofe, um argumento para aqueles reticentes na Ressureição de Cristo.

“Digam agora os judeus como puderam as sentinelas do sepulcro perder o Rei, porque junto ao lugar da lápide não vigiavam eles a Pedra da Justiça?”

Quando Pilatos recebeu a notícia da ressurreição de Jesus, seus guardas lhe relataram que uma explosão no sepulcro empurrou a pedra da lápide, acertando-os e os deixando desacordados. Porém, quando o romano comunica este relato aos fariseus e sumos sacerdotes, estes subornam os guardas para dizer que foram atacados e que viram o corpo de Cristo sendo roubado pelos seus discípulos.

Portanto, o cântico sacro vem por em xeque este testemunho mentiroso: como podem eles, tendo sido desmaiados pelos golpes dos discípulos, terem visto que levaram o corpo de Cristo?

“Que restituam o sepultado ou adorem o Ressurrecto, dizendo conosco: Cristo ressurgiu...”

Eles que são guardas, que são oficiais prontos para o combate, tem, então, o dever de trazer à justiça os “ladrões”, restituindo o corpo inanimado do santo moribundo. Não podem fazê-lo? Então devem ser sinceros e se curvar perante o mistério da Ressurreição. É o que diz este tão devoto cântico.

Por último, o coro canta o Glória ao Pai e repete mais uma vez a estrofe.

Lição da sacra música

A Santa Igreja, sempre atenta a fazer o bem a seus filhos, põe em seus cânticos, em suas construções, em seus ritos, símbolos da festa que celebra. Ela sabe que nem sempre as condições de cultura e estudo serão justas para todos, e não deixa de pensar na alma dos pobres e pequeninos.

Num rotineiro momento de ofertório, cantado tradicionalmente na Missa da Páscoa, ela põe com palavras sábias uma verdade tão profunda. Cristo Ressurrecto está conosco, e não importa o que os inimigos fizerem para desmentir ou maquiar sua ressurreição, Ele a prova continuamente, constantemente a nossos olhos. Que nosso coração possa estar aberto e rejubilante de alegria pela Páscoa que se inicia, e que nossas vidas se orientem para a Ressurreição do Justo, a fim de que, como canta o refrão, vivamos sempre para Deus.

Uma Santa e Feliz Páscoa a todos!