Deus concedeu com largueza a seu servo o dom dos milagres
A Medalha de São Bento é um poderoso instrumento de proteção contra o demônio, o pecado e toda espécie de males.
Ao longo dos séculos, numerosos são os testemunhos dos que alcançaram graças por meio desta medalha: socorro em casos de doenças, proteção contra calúnias, feitiços e acidentes em viagens; conversões e exorcismos de pessoas, além de conceder graças especiais na hora da morte.
Estes são só alguns de seus efeitos.
A fragilidade material da medalha contrasta com a força e o poder de sua ação.
As inúmeras graças alcançadas por meio deste precioso instrumento de fé são, antes de tudo, frutos da vida santa do Abade Bento.
Durante a sua vida São Bento manifestou espantosos dons sobrenaturais, tais como: o poder de ler o pensamento de seus discípulos, a capacidade de curar, exorcizar e o dom da profecia.
Como nasceu a devoção à Medalha de São Bento?
Os habitantes de Metten, Alemanha, narram o seguinte fato:
Certo homem, invejoso e inescrupuloso, quis tomar as terras pertencentes à ordem de São Bento, a qual tinha – e tem – um grande mosteiro naquela cidade.
Não encontrou outro meio senão pedir a um grupo de feiticeiras que pedissem ao pai da mentira que os arrancasse dali.
Durante muito tempo as bruxas pediram ao demônio aquele feito, mas nada conseguiram, pois este, sempre que saía, voltava furioso e sem nada obter.
O homem então quis saber a causa.
Uma das mulheres disse então: “Nada podemos fazer nos locais onde certa cruz está inscrita”.
Assustado, o homem voltou para casa e pouco tempo depois caiu doente.
Na hora da morte confessou seus pecados e contou aos que estavam ao seu redor o fato do demônio e a cruz.
A notícia correu rapidamente pela região, e quando foram averiguar o fato, encontraram em diversas partes do convento a imagem da cruz de São Bento.
Esta cruz que no século XVII afugentou o inimigo infernal e protegeu o convento de Metten é a que encontramos hoje gravada na Medalha de São Bento.
Significado da medalha
Na face onde vemos a cruz, temos inscrito ao seu redor a palavra PAX (paz) que é o lema da Ordem de São Bento. Às vezes, PAX é substituído pelo monograma de Cristo “IHS”.
Entre os braços da cruz temos quatro iniciais “C.S.P.B.”, que querem dizer “Crux Sancti Patris Benedicti – A Cruz do Santo Pai Bento".
Ao redor temos a oração de um exorcismo que está resumido nas letras:
C.S.S.M.L: “Crux Sacra Sit Mihi Lux – A Cruz sagrada seja minha luz” e N.D.S.M.D: “Non Draco Sit Mihi Dux – Não seja o dragão meu guia”; V.R.S.N.S.M.V: “Vade Retro Sátana Nunquam Suade Mihi Vana – Retira-te Satanás, nunca me aconselhes coisas vãs!” e S.M.Q.L.I.V.B – “Sunt Mala Quae Libas Ipse Venena Bibas – É mau o que me ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos!”
No verso da medalha vemos a imagem de São Bento, segurando na mão esquerda o Livro da Regra que ele escreveu para os monges e, na outra mão, sustenta uma cruz; ao redor da imagem do santo lê-se: “Eius In Obtu Nro Praesentia Muniamur – Sejamos confortados pela presença de São Bento na hora de nossa morte”.
Um pedido que, unido ao da Ave-Maria, “rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”, nos enche de confiança no momento presente e na nossa hora derradeira, quando esperamos ouvir dos lábios do Divino Mestre: “Vinde, benditos de meu Pai!”
Junto à figura do santo, vemos um cálice do qual sai uma serpente, e um corvo.
Estes dois símbolos relembram as duas tentativas de envenenamento do santo.
Quem nos narra é São Gregório, em seus Diálogos.
A taça de veneno
Próximo à gruta onde se refugiara São Bento, havia um mosteiro que ficara sem abade.
Os monges pediram que ele assumisse o cargo de superior, mas o santo não queria aceitar e atestava que os seus costumes não iriam se harmonizar com os dos monges que levavam uma vida já solta e sem observância da regra.
Mas, por fim, acabou aceitando.
São Bento começou então a exigir a observância dos costumes e da regra do convento.
Arrependidos pela escolha de tal superior, decidiram matá-lo, colocando veneno na taça de vinho.
Quando o servo de Deus sentou-se à mesa, apresentaram-lhe a bebida.
Seguindo o costume da casa, estendeu a mão e pronunciou a bênção.
No mesmo instante a taça explodiu, reduzindo-se a cacos!
Compreendendo o que havia se passado, levantou-se tranquilamente e reuniu a comunidade, dizendo:
“Deus tenha compaixão de vós, irmãos.
Por que me quisestes fazer isto? Não vos disse eu previamente que não se harmonizariam os vossos costumes com os meus?
Ide, e procurai para vós um pai consoante à vossa vida; depois disto já não me podereis reter”.
Assim, São Bento retornou para sua gruta.
O pão da inveja
Em outra ocasião, um sacerdote de uma igreja próxima ao mosteiro onde então morava São Bento começou a invejar as virtudes do santo, e não conseguindo denegrir a pessoa do servo de Deus decidiu matá-lo, enviando de presente um pão envenenado.
No momento das refeições, era costume aparecer – vindo da floresta – um corvo que era alimentado diariamente com um pedaço de pão que recebia das mãos de São Bento.
Naquele dia, no momento em que a ave apareceu, foi revelado ao santo o crime do presbítero invejoso.
São Bento atirou para o corvo o pão inteiro e ordenou que o atirasse para longe, onde ninguém pudesse encontrá-lo.
O pássaro tomou o pão no bico e voou para longe, voltando depois sem nada.
Para a memória destes dois fatos, ficaram gravados estes sinais na medalha.