Santo Atanásio, o Grande, é um dos maiores e mais ilustres dentre os Padres e Doutores da Igreja.

Apesar de levar uma vida de “peregrino”, de exílio em exílio, as vicissitudes ininterruptas não lhe impediram de ser um profícuo escritor. Sua produção literária é ampla, abrange gêneros apologéticos, históricos, exegéticos, homiléticos e epistolares.

A maioria de suas obras está relacionada com a defesa do Credo de Niceia, ou seja, da consubstancialidade, da divindade do Verbo.

Santo Atanásio era um polemista hábil, por isso sabia servir-se de sua pena para defender seu rebanho, como a si mesmo, tendo sido ele perseguido e atacado de todos os modos, valeu-se de seus escritos, tendo sempre a segurança de que defendia a fé, numa unidade ímpar com a doutrina ortodoxa.

Obras magnas de Santo Atanásio

Sua primeira obra é uma apologia Contra os pagãos e sobre A encarnação do Verbo.

Nela se delineia as grandes linhas de sua Cristologia: “O Verbo de Deus que Se fez homem para que nós fôssemos Deus”.

Sua grande obra é um tratado de três livros contra os arianos, no qual discute longamente textos bíblicos nos quais Ario pretendia fundamentar sua heresia.

O primeiro defende a definição do Concílio de Niceia, a eternidade do Filho de Deus e a unidade da essência divina. O segundo e o terceiro fazem uma exegese dos textos bíblicos que eram debatidos nas controvérsias contra os arianos, e consideradas passagens referentes às relações do Filho com o Pai.

O Símbolo Atanasiano é um compêndio de Fé católica redigido em quarenta sentenças rítmicas. Esta obra fora atribuída a ele a partir do século VII; foi, porém, desconsiderada de sua autoria no século XVII, quando se averiguou que o texto original é latino e não grego.

Neste livro o autor propõe os mistérios da Santíssima Trindade e da Encarnação do Verbo, começando e terminando pela afirmação:Esta é a Fé católica e quem não a professa com firmeza e fidelidade não pode ser salvo”.

A Apologia contra os Arianos foi redigida aproximadamente em 357, quando Santo Atanásio voltou de seu segundo exílio. Trata-se de cartas, atas e decisões de concílios regionais.

Sendo que uma facção ariana desprezava o Concílio de Niceia e o Papa, Santo Atanásio transcreve uma passagem de um Papa:

Não sabeis que a praxe manda que primeiramente se escreva a nós e que daqui proceda a justa decisão?

Se alguma suspeita estivesse pesando sobre o Bispo de Alexandria, era preciso escrever a respeito à Igreja de Roma.

Ora, os arianos, sem ter comunicado coisa alguma, procederam como lhes agradava e agora querem que lhes demos nossa aprovação, sem mesmo ter examinado a causa. Tais não são os preceitos que Pedro e Paulo nos entregaram.

Ocorre agora um modo de agir e uma prática totalmente novos.

Rogo-vos, pois: estais dispostos a atender-me: o que escrevo é para o bem comum, pois o que vos dizemos é precisamente o que recebemos do Bem-Aventurado Apóstolo Pedro.

A Apologia ao Imperador Constâncio, tendo ele sido acusado de instigar o Imperador Constante contra seu irmão Constâncio, é escrita como uma autodefesa (357). Escreveu-a em sua fuga para responder aos que o acusavam.

Estando refugiado junto aos monges da Tebaida, escreveu a História dos Arianos.

Outros escritos

Há ainda muitas outras obras escritas pelo Santo, tais como:

- Vida de Santo Antão.

­- Sobre a Virgindade (autoria um tanto incerta).

- Epístola a Marcelino sobre a Interpretação dos Salmos.

- As Cadeias (catanæ).

Diversas cartas – infelizmente muitas – estão perdidas.

Porém, sabe-se que são escritos de caráter doutrinário, quase como que tratados, nos quais Santo Atanásio comunica as decisões dos Concílios, normas da Igreja – e aí vemos particularmente sua santidade, sua preocupação com a obra de Deus e seu desapego de si mesmo –, sem tratar de assuntos pessoais ou particulares.

Destacam-se:

- As Cartas Festivas.

- Cartas Festivas Sinodais.

- Cartas Gogmático-Polêmicas.

- Epístola ao Bispo Epicteto de Corinto.

- Carta a Adélio, Bispo e Confessor.

Enfim, vemos que a vida de Santo Atanásio foi uma constante defesa da expressão da fé definida no Concílio de Niceia.

Ele pertencia aos grandes doutores capadócios, herdeiros da tradição de Orígenes, elaborando uma Teologia sobre a Trindade.

(BETTENCOURT, Estêvão Tavares. Curso de patrologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiæ, 2003.)