A pequena cidade de Nazaré era coroada por altos montes, composta de casas feitas com pedras da região e rodeada de figueiras e oliveiras.
Foi a esse local que Deus enviou um Anjo de nome Gabriel a uma Virgem chamada Maria, para operar o acontecimento mais importante da história humana.
Aliás, há que horas se teria dado essa visita angélica?
Logo pela manhã, quando o Sol coloria com cores da aurora as perfumadas videiras? Ou teria sido ao entardecer, quando as montanhas tingidas de azul anunciam a chegada da noite?
Seja como for, acabava assim a longa espera de todos que fizeram parte do Antigo Testamento e dos que fervorosamente esperam a vinda do Messias. Nascia o Evangelho.
A Virgem rezava para ser a escrava da Mãe do Messias
Entretanto, a situação, apesar da calma de todos os dias, era difícil.
Uma aparente ordem mantinha o Império Romano, com suas conquistas, imoralidades e injustiças. Por outro lado, o povo eleito estava corrompido e deixava-se influenciar pelos povos pagãos que os rodeavam.
Enquanto isso, diante desse panorama, uma Virgem rezava e pedia para ser a escrava da Mãe do Senhor. Ela sabia que o tempo da realização da promessa estava perto. Tinha aprendido isso nos Livros Sagrados, quando de sua permanência no Templo.
Maria rezava…
É provável que, durante a oração, Ela tenha ouvido o Arcanjo Gabriel, o Arauto de Deus, que dizia: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1-38).
Contudo, ao ouvir a anunciação do Arcanjo, diz São Lucas que Maria perturbou-Se. “Qual seria o motivo dessa saudação?” – perguntava-Se.
O sublime diálogo da Anunciação
Então, São Gabriel disse a Nossa Senhora para não temer, pois Ela havia encontrado graça diante de Deus.
O Arcanjo anunciou-Lhe:
Eis que conceberás e darás à luz um Filho, e Lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
Nesse sublime diálogo, Maria Santíssima pergunta ao Anjo como se faria isso se Ela não conhecia varão algum. Gabriel respondeu-Lhe:
O Espírito Santo descerá sobre Ti, e a força do Altíssimo Te envolverá com a sua sombra. Por isso o Ente santo que nascer de Ti será chamado Filho de Deus.
Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril, porque a Deus nenhuma coisa é impossível.
Então foi dado por Maria Santíssima o “sim” mais belo da História: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em Mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 26-38).
A resposta mais esperada da História
São Bernardo de Claraval, em uma de suas homilias, canta esse augusto momento, dizendo:
Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do Paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora.
Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta.
O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés.
E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça.
Apressa-Te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo.
Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna.