Nossa Senhora é a figura central da História ao lado de Seu Divino Filho. São Pedro Julião rezava: Sagrado Coração de Jesus e Maria. Se muito foi contemplado o Filho em figuras bíblicas, é correto achar que também haja símbolos da Mãe nas Páginas Santas? Confira aqui conosco seis símbolos de Maria nas Sagradas Escrituras que você não sabe.

Sete colunas

No Livro dos Provérbios, o inspirado escritor nos fala que Deus construiu o mundo sobre sete colunas: “A Sabedoria edificou a sua casa, lavrou as suas sete colunas.” (Pr 9,1). Conhecido como a Sabedoria Encarnada, quis Jesus vir ao mundo não glorioso como um herói mitológico, mas frágil e desarmado como uma criancinha. Sendo Deus, Ele pôde ter uma vantagem que nenhum de nós tem: escolher sua própria Mãe, dotando-A de todas as capacidades e graças que um dia vieram e viriam sobre a humanidade. Essa foi Maria Santíssima, Rainha dos homens e dos Anjos. De acordo com São Luís Grignion de Montfort, poderíamos dizer que Deus juntou todas as águas e as chamou mar; juntou todas as graças e a chamou Maria.

Santa entre todas as mulheres

Nossa Senhora foi edificada sob sete colunas, tornando-se Ela mesma sinônimo destas: em alguns lugares, vemos serem os sete dons do Espírito Santo – Sabedoria, Ciência, Inteligência, Conselho, Piedade, Fortaleza e Temor de Deus – enquanto outros autores glosam sua base sobre as sete virtudes, três teologais – fé, esperança e caridade – e quatro cardeais – prudência, temperança, justiça e fortaleza.

De qualquer modo, sejam quais forem essas sete colunas, Nossa Senhora detém o título de Mãe da Divina Graça, o que faz d’Ela dispensadora dos dons divinos. Sendo virtuosa e dotada de dons, sua distribuição maternal sempre nos beneficia.

Belo íris celeste

Todos sabemos que, após Deus contemplar a humanidade perdida em seu próprio pecado e viciada na feiura e desonra, Ele não teve outra opção a não ser fazer uma divina limpeza. Assim, escolheu Noé e sua família para construírem uma enorme Arca a fim de continuar a levar a promessa do amor de Deus após o dilúvio. Noé, após os quarenta dias de chuva, envia as pombinhas para a terra e entende ser o fim do castigo e o começo de uma nova era de fidelidade, que Deus alicerça com um arco-íris.

Esse arco colorido no céu é um dos símbolos de Maria, pois foi Ela também a marca da promessa que Deus faria com a humanidade: para aqueles que A viram pequenina, sabiam ser tão especial que o Senhor teria algum desígnio sobre Ela. Como já tinha sido preparada no ventre materno com tantas graças e dons, Nossa Senhora carregava, mesmo criança, a reconciliação de Deus com os homens.

Raquel deu ao Egito José, prudente governador

Jacó foi filho de Isaac e neto de Abraão, aquele com o qual Deus fez sua promessa. Portanto, carregava a bênção de gerar um povo que seria mais numeroso que as estrelas do céu e as areias da praia. Porém, quando ainda jovem, Jacó teve que fugir de seu irmão Esaú, que o perseguia, e, morto seu pai Isaac e sem ter quem o defendesse, Jacó foi se abrigar sob o teto de um parente distante, Labão.

Este tinha duas filhas, uma chamada Lia e outra Raquel. Jacó, solicitando trabalho a seu sogro, pediu a mão de Raquel em casamento, mas Labão queria respeitar a ordem de primogenitura: Lia se casaria primeiro, e depois de sete anos, Jacó poderia desposar também Raquel. Assim foi feito: de Lia nasceram dez filhos, e de Raquel dois. Esses são os doze filhos de Jacó, que ficaram sendo chamados Israel: e deles se originaram as doze tribos. O primogênito de Raquel se chamava José, e ele tinha o dom de interpretar os sonhos. José é vendido pelos irmãos e acaba parando no Egito, tornando-se o vice-rei, ao lado do faraó, por desvendar o sonho das sete vacas magras.

Nossa Senhora também é uma outra Raquel, pois seu Filho não se tornou somente governador do Egito, mas sim Senhor da Terra inteira; venderam-No por fazer somente o bem; e desvendou a aflição dos que vieram antes dEle na Mansão dos Mortos, abrindo as portas do Paraíso Celeste.

Sarça ardente

Este episódio da vida de Moisés é bem claro nas Escrituras. O homem de Deus, ainda sem saber os desígnios do Senhor a seu respeito, vai atrás de uma ovelha que tinha escapado de seu rebanho. Quando dá por si, presencia um grande milagre: uma sarça queimava sem se consumir. Além disso, o profeta ouve uma voz que lhe diz: “Moisés, tira o seu calçado, pois a Terra que tu pisas é Santa”.

O símbolo da sarça ardente é Maria que, mesmo sendo Mãe, continua Virgem. É a mesma contradição natural que impressiona: sua Maternidade não rompe sua virgindade, como o fogo não consumia o lenho da sarça. A Terra Santa que Moisés não deveria pisar calçado, isto é, revestido do pecado, é a Terra fecundíssima do Ventre Materno de Maria que daria à Luz ao Salvador e que nenhum homem tocaria.

Favo do forte Sansão

Sansão foi um dos homens mais fortes da História. Quando era pequeno, enquanto caçava, o menino já fortíssimo se depara com um leão, que o ataca com selvageria. Ali se travou uma luta de iguais, pois tanto o animal quanto o menino lutaram com tudo o que possuíam. No final, Sansão vence o leão, matando-o. Quando checa o corpo sem vida de seu inimigo, percebe que algumas abelhas circundam a bocarra do animal. Ao se aproximar, percebe que havia um favo de mel onde deveria estar um dos dentes do leão.

Sansão não entendeu o que aquilo significava, mas hoje sabemos nós que aquele favo de mel era um dos símbolos de Maria, que num mundo de selvageria e violência seria a única a nascer puríssima. Este fato denota sua Imaculada Conceição, um dom que a humanidade só entenderia séculos à frente.

A bela Abigail

Enquanto Davi fazia suas incursões por terrenos inimigos, alguns deles, vencidos, aceitavam pagar uma parte dos tributos para continuarem a reinar em sua região. Davi não via problema em aceitar tal ato, e ainda os estimulava a fazer isso, já que para ele valia mais a misericórdia que o sacrifício. Mas eis que um governante, que por sinal tinha certo parentesco com Davi, começa a zombar do Rei de Israel e se pronunciar contra o pagamento dos tributos. Mesmo tentando uma reconciliação, o Rei Davi não consegue chamar o seu inimigo à razão. Determinado a suprimir a rebelião que se formava, se dirige com seu exército às tendas do governante para colocar ordem e punir o malfeitor.

Porém, a filha do regente, chamada Abigail, entendendo que seu pai não teria poder para confrontar um exército, e que por seus atos zombeteiros ainda iria condenar a vila toda ao extermínio, se mune de oferendas e vai ao encontro de Davi. Diante do Rei, se prostra e se entrega como uma serva para que o israelita poupasse seu velho e senil pai. Davi fica tão impressionado com a generosidade, empenho e inteligência de Abigail que a toma como esposa.

Assim também faz pela humanidade Nossa Senhora. Por nossos pecados acendemos a ira de Deus contra nós, e, ao invés de pedirmos perdão, somos mais mal-educados. Maria Santíssima, porém, encontra o Rei tal como Abigail, e o acalma com sua santidade. É por sua intercessão que somos salvos, e por isso devemos ser imensamente gratos por ser Ela nossa advogada.

São só seis símbolos de Maria na Bíblia?

De modo algum; tanto Jesus quanto sua Mãe Santíssima têm outros tantos símbolos e sinais que os prefiguravam. Poderíamos dizer como São João no fim de seu Evangelho: "Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever." Saibamos, nos símbolos de Maria, reconhecer a imensa grandeza d'Ela, e a louvemos de coração sincero e puro.