Para melhor celebrarmos a festividade de Fátima, comemorada neste dia 13, faremos uma semana de considerações sobre as aparições e os pedidos de Nossa Senhora em Portugal. Entretanto, antes de aparecer Maria Santíssima, Lúcia, Francisco e Jacinta foram preparados. E esse mensageiro foi o Anjo de Portugal que apareceu a eles.

Os pastorinhos de Fátima      

Anjo de PortugalAntes de mais nada, nós precisamos conhecer melhor quem são esses protagonistas da história. Em 1917, Fátima ‒ um lugarzinho muito desconhecido ‒ nós devemos nos dirigir ali e nos encontrarmos com estas três crianças. Primeira: Lúcia dos Santos, que nasceu na localidade de Aljustrel a 28 de março de 1907; portanto, ela tinha, quando Nossa Senhora lhe apareceu, 10 anos.

Além de Lúcia, nós temos dois de seus primos que eram irmãos: Francisco e Jacinta Marto. Francisco nasceu em 11 de junho de 1908 e sua irmã Jacinta nasceu em 11 de março de 1910, também ambos ali, em Aljustrel. Os três, desde muito novos, tinham como encargo da família serem os pastores dos rebanhos. E são esses três pastorinhos que Nossa Senhora vai escolher para confiar nos maiores segredos que o século XX conheceu.

Porém, é importante notarmos que toda grande ação de Deus, todo grande acontecimento sempre é pronunciado por algo também grandioso, que prepara as almas para aquilo que vai se dar. Assim, como dito no início, o Senhor os preparou por meio do Anjo da Paz antes de vir Nossa Senhora.

Primeira aparição do Anjo de Portugal

Numa dessas andanças ali, passando pela Loca do Cabeço, em 1916, na primavera, as três crianças se depararam com uma visão sobre as oliveiras que havia ali: viram chegar próximo a elas uma figura com aspecto humano, mas resplandecente.

Lúcia descreve: “Era uma luz mais branca que a neve com a forma de um jovem transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do sol. À medida que se aproximava e íamos lhe distinguindo as feições ao chegar junto de nós, disse: ‘não tenham medo. Sou o Anjo da paz, orem comigo’, e ajoelhando em terra, curvou a fronte até o chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitamos e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar”.

“‘Meu Deus, eu creio, adoro-vos, espero em vós e vos amo. Peço vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam’. Depois de repetir três vezes, ergueu-se e disse: ‘orai para que os corações de Jesus e Maria estejam atentos à voz das vossas súplicas’, e desapareceu”. A atmosfera sobrenatural que os envolveu foi tão intensa que eles permaneceram na posição em que o Anjo de Portugal os havia deixado, repetindo sempre a mesma oração. Portanto, aquele contato com o mensageiro celeste imprimiu naquelas crianças uma ligação com o divino como elas nunca tinham vivenciado.

Segunda aparição

Esse anjo aparece uma segunda vez: foi no verão daquele mesmo ano de 1916, quando as crianças brincavam no quintal, no terreno junto à casa da própria Lúcia, junto a um poço ali existente. A própria Irmã Lúcia é quem narra novamente o momento em que apareceu: “De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós e ele diz que devíamos orar, e orar muito. ‘Os corações de Jesus e Maria tem sobre vós desígnios de misericórdia; oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios’”.

Lúcia perguntou a ele: “então, como nós havemos de nos sacrificar? O que fazer? O que é que o Senhor deseja de nós?” O Anjo responde o seguinte: “Tudo o que puderem oferecer, ofereçam como um sacrifício em ato de reparação pelos pecados e em súplica pela conversão dos pecadores”.

Se queremos a paz, eis o Anjo da paz que nos indica o caminho: a oração, os sacrifícios, reparar a Deus as ofensas de que Ele é objeto e pedir a conversão dos pecadores. Ele vai dizer assim: “Sobretudo aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar”. Se nós soubermos, portanto, aceitar e suportar com submissão, com amor, com devoção, todos os sofrimentos que Deus permite que aconteçam em nossa vida, estaremos dando a Ele a glória que espera de nós.

O Anjo de Portugal lhes aparece uma terceira vez

O Anjo voltou uma terceira vez no princípio do outono daquele mesmo ano de 1916, e foi novamente na Loca do Cabeço. Logo após comerem seu lanche, numa gruta que havia naquela localidade, foi nesse momento em que ele apareceu pela terceira vez: “Estando nós, pois, aí, naquela gruta, rezando, apareceu pela terceira vez o Anjo, trazendo na mão um cálice e sobre ele uma hóstia da qual algumas gotas de sangue caíam dentro do cálice".

"Deixando o cálice e a hóstia suspensos no ar, trouxe os joelhos em terra e repetiu três vezes a oração: ‘Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo. Adoro-vos profundamente e ofereço-vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação aos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido; pelos méritos infinitos do seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-vos a conversão dos pobres pecadores’”.

Desta oração nós devemos destacar isso: que o Anjo indica às crianças a necessidade de ter uma devoção Eucarística profunda e pede que eles ofereçam os méritos infinitos do Coração de Jesus e do Coração Imaculado de Maria pela conversão dos pecadores.

Lúcia continua seu relato: “Depois, levantando-se, tomou de novo o cálice, tomou na mão o cálice e a hóstia e deu-me a hóstia a mim e à Jacinta e ao Francisco deu o Cálice, dizendo ao mesmo tempo: ‘Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos, para reparar os seus crimes e consolar o vosso Deus’”.

Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, eles comungaram e repetiram novamente as orações que o Anjo lhes ensinara. A força da presença de Deus era tão intensa que os absorvia por completo. Eles permaneceram ainda rezando ali durante bastante tempo. E foi por meio dessas três consecutivas aparições e por meio dessa comunhão, recebendo nesse estado de espírito o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Sacramentado, foi que a Providência quis preparar as crianças para se encontrar com a Virgem Santíssima, Rainha do Céu e da Terra.

Cf. Por Fim Meu Imaculado Coração Triunfará, JOÃO S. CLÁ DIAS, 4 ed., 2016.