A festa da Sagrada Família de Nazaré é dedicada ao dia 30 de dezembro, como que completando um círculo completo: iniciamos no Natal, passamos pelo primeiro mártir, pelo Apóstolo amado, pelo sacrifício dos incontáveis pequeninos e desabrochamos na origem de tudo, o seio sagrado do lar de Nazaré.
Acontece que, no Brasil, a Conferência de Bispos decidiu que a festa da Sagrada Família seria celebrada no domingo seguinte ao dia 25 de dezembro, o Natal.
Assim, para não deixar passar essa celebração em branco, resolvi trazer hoje, dia 30 de dezembro, data nativa da festa, algumas considerações do Papa Paulo VI sobre as lições que a Sagrada Família nos ensina.
A escola da Sagrada Família de Nazaré
Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho.
Aqui se aprende a olhar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado, tão profundo e tão misterioso, dessa manifestação tão simples, tão humilde e tão bela, do Filho de Deus. Talvez se aprenda até, insensivelmente, a imitá-Lo.
Aqui se aprende o método que nos permitirá compreender quem é o Cristo.
Aqui tudo fala, tudo tem um sentido.
Aqui, nesta escola, compreende-se a necessidade de uma disciplina espiritual para quem quer seguir o ensinamento do Evangelho e ser discípulo do Cristo.
Ó como gostaríamos de voltar à infância e seguir essa humilde e sublime escola de Nazaré! Mas estamos apenas de passagem.
Não partiremos, porém, antes de colher às pressas e quase furtivamente algumas breves lições de Nazaré.
Lições de Nazaré
Primeiro, uma lição de silêncio.
Que renasça em nós a estima pelo silêncio, essa admirável e indispensável condição do espírito; em nós, assediados por tantos clamores, ruídos e gritos em nossa vida moderna barulhenta e hipersensibilizada.
O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres.
Ensina-nos a necessidade e o valor das preparações, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê no segredo.
Uma lição de vida familiar.
Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão de amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível: aprendamos qual é sua função primária no plano social.
Uma lição de trabalho.
Ó Nazaré, ó casa do “Filho do carpinteiro”!
É aqui que gostaríamos de compreender e celebrar a lei, severa e redentora, do trabalho humano; aqui, restabelecer a consciência da nobreza do trabalho.
Aqui, lembrar que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que sua liberdade e nobreza resultam, mais que de seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim.
Finalmente, como gostaríamos de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino Irmão, o Profeta de todas as causas justas, o Cristo, Nosso Senhor.