São Cristóvão é o padroeiro dos motoristas e, por extensão, dos viajantes. Segundo a lenda grega, a saber, São Cristóvão era um bárbaro antropófago, da tribo dos cinocéfalos – homens com cabeça de cão – que se converteu, foi engajado nos exércitos imperiais e se recusou a apostatar, morrendo sob inomináveis torturas.
A lenda ocidental, por outro lado, apresenta-o diferentemente: um gigante com mania de grandezas. Servindo um rei poderoso, que, supunha, fosse o maior da terra, todavia deixou-o, quando soube que Satanás era maior e mais poderoso.
Ouvindo entretanto qualquer coisa a respeito de Jesus, muitíssimo superior a Satanás, Cristóvão procurou informar-se. Buscou elucidações com um ermitão, e ficou assim sabendo que Nosso Senhor era absolutamente o reverso do demônio, apreciando os homens pela bondade para com o próximo, não pela grandeza.
Tendo-se fixado à beira de um rio caudaloso, para fazer bem aos semelhantes, propôs-se atravessar de uma margem a outra aqueles que disso necessitavam, valendo-se dessa forma da força imensa de que era dotado.
Contudo, uma noite, um belo menino solicitou os préstimos do gigante. Cristóvão tomou-o nos ombros e iniciou a travessia da corrente.
Com efeito, à medida que avançava pelas águas, mais aquela tenra criaturinha lhe pesava assustadoramente. Que significava aquilo? Como pesava! Era de derrear! Dir-se-ia que levava aos ombros o peso do mundo! E o gigante, arfando e bufando, arrimado no bordão que arcava ao estranho peso, depois de lutar contra a fadiga, todo cansaço, conseguiu atingir a margem oposta, que levara um tempo infindo para ser alcançada.
Limpando o suor do rosto afogueado, Cristóvão, de narinas dilatadas, sorvendo sofregamente o ar que lhe fugia dos pulmões, exclamou ao menino, já em terra firme:
– O mundo não é mais pesado do que tu!
E o menino, sorrindo-lhe muito docemente, retrucou:
– Tu levaste sobre os ombros, mais do que o mundo todo – levaste o seu Criador! Eu sou o Jesus que tu serves!
Mais tarde, por aquele Jesus que teve a sublime ventura de transportar às costas, o bom gigante inabalavelmente daria a vida, sem se importar com a crueldade dos algozes.
São Cristóvão, logo, passou a ser invocado pelos condutores de veículos e pelos viajantes. E a fórmula Christophorum videas, postea tutus eas tornou-se comum através dos tempos. E aos que iam viajar, para que o fizessem com segurança e sem atrapalhações, aconselhava-se:
– Olha São Cristóvão e vai tranqüilo!
Diz o martirológio, numa síntese:
Na Lícia, São Cristóvao, mártir, que, sob o imperador Décio. Tendo sido ferido com varas de ferro e preservado da violência do fogo pelo poder de Jesus Cristo, foi, afinal, atravessado de flechas e recebeu o martírio, pela decapitação (III Século?) (Vida dos Santos, Padre Rohrbacher, Volume XIII, p. 341 à 343)
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