As meditações, enquanto prática espiritual, é uma das colunas fundamentais na vida de todos os santos e místicos da Igreja. Não é uma mera prática devocional, mas o caminho privilegiado para a união com Deus, o antídoto contra a superficialidade e a banalidade que marcam a vida daqueles que se afastam da introspecção e da contemplação. Esta verdade, amplamente difundida pelos santos e confirmada por autores espirituais ao longo dos séculos, é eloquentemente abordada em obras como Alma de Todo Apostolado e Selva, bem como nos escritos de Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz e Plinio Corrêa de Oliveira.
No livro Alma de Todo Apostolado, de Dom Jean-Baptiste Chautard, a meditação é apresentada como a essência de toda ação apostólica. Chautard argumenta que, sem uma vida interior profunda, qualquer obra exterior, por mais grandiosa que possa parecer, está destinada a ser estéril. Ele afirma que "o valor de uma obra apostólica é medido pela profundidade da vida interior daquele que a realiza". A meditação diária, portanto, não é apenas uma recomendação, mas uma necessidade absoluta para qualquer alma que deseja frutificar em suas obras e viver plenamente sua vocação cristã.
Santa Teresa de Jesus, doutora da Igreja e reformadora do Carmelo, é uma das vozes mais autorizadas quando se trata de meditação. Em suas obras, especialmente em O Castelo Interior, ela enfatiza que a meditação é o caminho para entrar nas "moradas interiores" da alma, onde Deus habita. Santa Teresa ensina que "a meditação é a porta de entrada para a oração contemplativa, e é através dela que a alma começa a conhecer verdadeiramente a Deus e a si mesma". Ela adverte contra a superficialidade espiritual, lembrando que sem meditação, a alma permanece na periferia da vida espiritual, incapaz de penetrar nos mistérios mais profundos da fé.
São João da Cruz, outro grande místico do Carmelo, complementa os ensinamentos de Santa Teresa ao destacar que a meditação é o meio pelo qual a alma se desapega das coisas terrenas e se eleva à união com Deus. Em sua obra Subida do Monte Carmelo, ele escreve: "A meditação é como uma escada pela qual a alma sobe para a união com Deus. Sem ela, a alma permanece presa às preocupações mundanas, incapaz de alcançar as alturas do espírito". São João da Cruz vê na meditação um exercício essencial para a purificação da alma e para a libertação dos apegos que a impedem de alcançar a plena comunhão com Deus.
Santo Afonso de Ligório, em sua obra Selva, também sublinha a importância da meditação na vida cristã. Ele argumenta que "a meditação é o alimento da alma; sem ela, a alma definha e morre espiritualmente". Para Santo Afonso, a meditação diária é um meio de reflexão sobre as verdades eternas, a qual fortalece a alma contra as tentações e a prepara para enfrentar as dificuldades da vida com serenidade e coragem. Ele ensina que, através da meditação, a alma se enche de luz divina, que ilumina o caminho da virtude e da santidade.
A superficialidade e a banalidade, que são traços característicos de uma alma que não busca a meditação, são sintomas de uma vida espiritual debilitada. Plinio Corrêa de Oliveira, em seus escritos sobre espiritualidade, adverte que "uma vida sem meditação é uma vida à deriva, sem direção nem profundidade. A meditação é o leme que guia a alma na tempestade das paixões e das provações". Ele enfatiza que a ausência de meditação leva à dispersão espiritual, tornando a alma vulnerável às influências mundanas e incapaz de resistir às seduções do pecado.
Huysmans, em sua obra À Rebours, apresenta uma visão literária que, embora não explicitamente espiritual, reflete a decadência de uma vida desprovida de meditação e introspecção. A personagem principal, Des Esseintes, simboliza a alma que, imersa na superficialidade e na busca incessante por prazeres efêmeros, se encontra espiritualmente empobrecida e desesperada. Esta narrativa serve como um alerta para os perigos de uma vida sem meditação, onde a alma se afunda na banalidade e se afasta da verdade e da beleza que só podem ser encontradas na busca sincera de Deus.
Assim, todos os santos, sem exceção, foram praticantes fervorosos e divulgadores incansáveis da meditação diária. Eles compreenderam que é através da meditação que a alma se fortalece, se purifica e se eleva a Deus. Santa Teresa, São João da Cruz, Santo Afonso de Ligório e outros mestres espirituais não apenas praticaram a meditação, mas também a ensinaram como um caminho seguro para a santidade. Eles sabiam que, sem meditação, a alma permanece superficial, incapaz de penetrar nas profundezas da vida espiritual e de alcançar a união plena com Deus.
A meditação é, portanto, o antídoto contra a superficialidade e a banalidade que tantas vezes marcam a vida moderna. Ela é a prática que enriquece a alma, proporcionando-lhe a profundidade e a clareza necessárias para viver uma vida cristã autêntica. Como afirmou Dom Chautard: "A meditação é a alma de toda vida apostólica; sem ela, o apostolado torna-se uma casca vazia, sem substância nem eficácia".
Em conclusão, a meditação diária é indispensável para qualquer alma que deseja crescer na vida espiritual e alcançar a santidade. Todos os santos, sem exceção, reconheceram seu valor e a praticaram fielmente, sabendo que é através da meditação que a alma se une a Deus e se transforma à sua imagem. A superficialidade e a banalidade, tão comuns em uma vida sem meditação, são superadas quando a alma se dedica a este exercício de introspecção e contemplação, permitindo que a luz divina penetre em seu ser e a guie no caminho da santidade.