Como Nossa Senhora prometera ao longo de três aparições, Ela faria um milagre que todas as pessoas poderiam ver em outubro. Assim, a última de suas vindas foi uma para a qual concorreram não só fiéis devotos e pessoas cheias de fé, mas também muitas pessoas que estavam ali justamente para pôr em dúvida aquelas crianças e as visões que elas estavam tendo. Através desse ato de impiedade, a ação de Nossa Senhora ficou mais evidente, pois milhares de pessoas contemplaram o milagre do sol.
Naquele dia 13 de outubro houve uma chuva torrencial e toda a região da Cova da Iria se transformou num lodaçal tremendo. Entretanto, apesar da chuva, apesar da lama, estava ali uma multidão de quase setenta mil pessoas.
Chegados à Cova da Iria, Lúcia foi levada por um movimento interior a pedir ao povo que fechasse os guarda-chuvas para rezar o terço. É uma ousadia, mas é Nossa Senhora que move o coração de Lúcia para exigir que o povo guardasse suas sombrinhas, e se ajoelhassem no meio da lama. As pessoas deixaram de lado seus guarda-chuvas e se ajoelharam, começando a rezar no meio daquela chuva torrencial, ficando encharcados.
Nossa Senhora, então, aparece aos pastorinhos, que tem seu santo convívio com a Mãe de Deus. Maria Santíssima pede que eles preguem, anunciem ao mundo que Deus está muito entristecido com os pecados da humanidade. Após dizer isso, junta suas mãos e eleva o olhar ao céu.
Os pastorinhos recebem três visões já citadas no artigo passado.
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À multidão, porém, é realizado o grande milagre do sol.
O povo viu o sol começar a bailar no céu e dar giros e mais giros e depois parar de novo; e não só ali, na cova da Iria, não só em Fátima, mas a muitos quilômetros de distância esse fenômeno foi visto a olho nu pelas pessoas.
E um dos fatores que mais impressionou o público foi os presentes conseguirem contemplar o sol e conseguirem fixar o sol sem queimar as vistas, sem nem sentir os olhos irritados. Depois disso, num movimento que parecia que ele tinha se desprendido do céu, ele começou a cair sobre aquelas pessoas e a se aproximar tanto, tanto, tanto que todos pensaram que havia chegado o fim do mundo. Mas depois o sol voltou a retroceder e a parar no ponto de origem. E de tal maneira foi real essa aproximação do Sol que aquela chuva se desfez: os trajes das pessoas que estavam completamente ensopados pela água daquela chuva secaram e todo aquele lamaçal secou imediatamente e isso foi vivido e contemplado, novamente digo: por mais de sessenta, quase setenta mil pessoas presenciaram esse fato miraculoso.
E houve muita gente que se converteu e passou a crer nas aparições de Fátima com esse fato estrondoso que aconteceu. Talvez ‒ não podemos dizer com toda certeza‒, mas talvez Deus tenha permitido aquela chuva toda justamente para que o milagre fosse ainda mais patente. Todo mundo estava com a roupa completamente seca e o lamaçal não existia mais.
Foi assim que Nossa Senhora cumpriu ali, em outubro, a promessa que Ela tinha feito. Ela revelou quem era e pediu que se construísse ali uma igreja, uma capela que hoje em dia é um grandíssimo santuário, um dos maiores santuários marianos. E Nossa Senhora realizou, sim, um milagre para que todos pudessem crer por todas as gerações.
Lembremo-nos de que toda aparição e os posteriores testemunhos estão consignados na história dos jornais de Portugal da época. Ainda hoje se encontram esses jornais, que estão guardados e eles mesmos narram o que aconteceu de miraculoso. Este milagre extraordinário tem por testemunhas não só centenas, mas milhares de pessoas, que registraram isso depois em suas memórias.
Está registrado nos anais da história de Portugal, isto é indubitável. Não há como dizer que foi coletivamente uma ilusão que as pessoas tiveram, ou dizer que isso é fanatismo religioso. Estava cheio de gente que não tinha fé ali, cheio de curiosos que foram só para debicar da religião, só pra debochar dos pastorinhos. E puderam contemplar, como Nossa Senhora havia prometido, esse deslumbrante milagre.