São João Damasceno, ou São João de Damasco, nasceu em pleno domínio muçulmano na Palestina. Isso aconteceu no ano de 675; porém, ao contrário dos anos posteriores, os árabes concediam uma certa liberdade de culto ao cristianismo, algo que mudaria drasticamente uns séculos para frente.
Assim, o santo, jovem e vivaz, com seus poucos anos na mocidade, 15, foi nomeado prefeito de Mansur, cidade Síria, pois seus pais eram chegados ao Califa de Damasco.
Como todo moço, João se admirava da fortuna que tinha e não escondia seu contentamento em esbanjar a fortuna dos pais e o dinheiro de sua posição. Mas isso mudaria também em breve.
São João, ouvindo as homilias e sermões dos domingos e dias santos, foi percebendo a dificuldade de chegar ao Céu e praticar a virtude cercado de todos os luxos e comodidades.
Sua resolução foi firme: largou tudo o que possuía, abandonou o cargo e se entregou a uma comunidade que vivia no deserto, voltando-se para a oração e os estudos da religião.
Homem austero, São João Damasceno saía apenas para pregar na Igreja do Santo Sepulcro. Escreveu obras de valor inestimável, tanto que foi chamado, nos séculos posteriores, de “São Tomás do Oriente”.
Contudo, uma batalha ainda mais dura estava por vir: São João foi convocado para participar do concílio, defendendo a Igreja contra a terrível heresia que atormentava os cristãos: a iconoclastia.
Os iconoclastas afirmavam que qualquer quadro, imagem ou confecção artística religiosa eram pecados contra o primeiro mandamento. De modo que a arte cristã deveria se concentrar apenas na arquitetura, proclamando quem rezava diante de uma imagem um pecador.
São João se pôs a defender a posição verdadeira: o culto às imagens não é pecado, pois a intenção não é venerar o gesso ou a tinta, mas sim o que as imagens representam. Em seus escritos e fala, sua posição foi comprovada com passagens da Sagrada Escritura e dos padres estudiosos que o precederam.
Tendo sido decretado a verdade no concílio, o apreço por São João Damasceno cresceu ainda mais da parte do povo. Ele era venerado como um homem santo mesmo em vida, dado sua dureza consigo ao mesmo tempo aliada de uma bondade e humildade no trato com outros.
Seus principais livros foram: “A fonte da ciência", "A fé ortodoxa", "Sacra paralela" e "Orações sobre as imagens sagradas", onde defende o culto das imagens nas igrejas, contra o conceito dos iconoclastas.
Foi por esta última obra que ele, São João, foi muito perseguido. Lembremos que os árabes mouros, em sua religião, também condenam o culto às imagens, e o próprio califa, conhecido do santo, o aprisionou e o chamou para depor.
Não deixando sua fé de lado, o santo sírio foi tido como culpado e uma sentença terrível se abateu sobre ele: sua mão direita foi amputada, para que ele não escrevesse mais.
Porém, a Santa Virgem, tantas vezes louvada pelo santo, não abandonou seu servo: aparecendo-lhe, colou sua mão no lugar e esta ficou milagrosamente restaurada.
Suas obras escritas se acumulam depois do milagre, tanto que São João Damasceno defendeu muitos títulos de Nossa Senhora que somente anos depois foram instituídos, como a Imaculada Conceição, por exemplo, que só foi proclamada como dogma em 1854, mais de 1000 anos depois de seus testemunhos.
Faleceu em 749, segundo a tradição, cercado de seus irmãos religiosos, na comunidade de São Sabas, onde havia deixado tudo para se aprofundar no amor a Cristo.