Um dos símbolos mais singelos da Santa Igreja neste Tempo do Advento são as quatro velas postas num canto do altar.

Você já deve tê-las visto: a cada domingo, o padre celebrante acenderá uma, completando as quatro no último domingo do Advento, já próximo do Natal.

Este é um meio que a Santa Igreja engendrou a fim de praparar seus filhos para as sublimes festividades do Natal. E, assim, a Liturgia se reveste de símbolos para ensinar, não só pelas palavras, mas também pelos sons e formas, a beleza da penitência voltada à purificação da alma.

Significado da vela roxa e verde

Qual a explicação destas velas? Elas marcam uma importante tradição na História: simbolizam a fé de épocas diversas do povo da Aliança.

A primeira vela, que é a roxa, nos lembra da penitência de Adão e Eva, nossos primeiros pais, até o dilúvio, quando o portentoso Noé construiu a Arca.

Depois dos quarenta dias e noites de chuvas torrenciais, Deus fez uma nova aliança com os seres humanos, demonstrada pelo arco-íris.

Assim também, com a primeira chama, a Santa Igreja quer simbolizar a importância do arrependimento dos primeiros pecadores e o trato penitencial com que Deus puniu as primeiras faltas.

A segunda das quatro velas, a verde, recorda-nos a fertilidade de alma dos primeiros hebreus, com quem Deus firmou a promessa: são os patriarcas.

Abraão, o primeiro deles, que pela sua fé achou graça diante do Senhor; também seus primeiros descendentes, entre eles Isaac, Jacó, José – que foi grande no Egito – e Moisés. Estes não tinham garantia, a não ser sua fé nas palavras divinas.

Lembremo-nos de Abraão, a quem foi pedido que imolasse seu filho no monte; Deus segurou seu braço, não permitindo que o sacrifício se consumasse.

Isaac foi, neste episódio, uma prefigura de Cristo, o Filho da verdadeira promessa, mas que o Senhor deixou à morte num monte, o Calvário, sem haver quem segurasse seu braço divino.

Vela rosa e branca

A terceira vela, rosa, é a vela de Davi.

O rei-profeta, o rei-salmista, o rei-pastor, o rei que simboliza a alegria do povo, pois, numa época de tantas infidelidades, Davi foi o ungido do Senhor, que levou os exércitos de Deus à vitória e propagou seu Nome pelas nações.

Infelizmente Davi pecou, mas, arrependendo-se até o fundo de sua alma, colocou sua penitência a serviço de toda a humanidade: os Salmos Penitenciais são usados até hoje na Santa Missa da Semana Santa, e não há homem, por mais duro que seja, que não sinta em seu coração a tristeza e a dor nas palavras do rei.

Por último temos a quarta vela, de cor branca, que é a vela dos profetas.

Um rei hebreu respeitava os profetas, pois estes eram seu vínculo com o Senhor, eram emissários da vontade divina. Os profetas estão representados mais próximos ao Natal do Divino Infante, pois suas visões sobre a vinda do Emanuel são quase que literais.

Não esqueçamos o Profeta Isaías, um dos maiores profetas, que anuncia o estábulo onde Jesus nasce, profetizando até mesmo o boi e a ovelha que estariam ali para aquecê-Lo.

A cor branca também já anuncia a leveza do Natal, pelo que toda a Igreja se revestirá de alegria.

Assim, o quarto domingo do Advento já dá uma degustação aos fiéis, como os profetas deram em suas visões, do nascimento do Senhor.

Sabiamente, a Igreja construiu, por séculos, toda sua manifestação simbólica.

Não nos esqueçamos da delicadeza dessa nossa muito amada Mãe e nos preparemos com sinceridade para a vinda de Jesus Menino.