Neste domingo, dia 9, logo após o batismo do Senhor, termina o tempo do Natal e se dá início ao Tempo Comum na Liturgia.
Com razão se considera a Liturgia como o exercício da função sacerdotal de Cristo. Nela, os sinais sensíveis, cada um à sua maneira, realizam a santificação dos homens; nela, o Corpo Místico de Jesus Cristo - cabeça e membros - presta a Deus o culto público integral.
Podemos, pois, definir a Liturgia como a forma em que a Igreja manifesta seu louvor a Deus e faz os fiéis participarem desse louvor.
Mesmo nos povos antigos havia cerimônias e ritos para grandes manifestações, como assembleias ou trocas no poder político. Difícil é imaginar nos nossos tão secularizados dias a que ponto religião e vida cotidiana se confundiam naqueles tempos.
Consciente ou subconscientemente, o homem contemporâneo separa seus deveres religiosos das atividades diárias. Na Liturgia, portanto, o objetivo é trazer para os atos costumeiramente religiosos um pouco do brilho do simbolismo, através dos gestos, atitudes, vestimentas e objetos utilizados nas celebrações.
No campo, o agricultor sabe que a terra precisa de um tempo de espera. É necessário um trato adequado depois de um ótimo plantio, que inclui sua limpeza.
Na vida espiritual, a Igreja age do mesmo modo. Entre tempos especialmente marcantes, como é o Natal, considerando que os fiéis exercitaram sua contrição no Advento e celebraram com entusiasmo o Nascimento de Cristo, o povo de Deus como que descansa pausando as intensas comemorações.
Esse é o papel do Tempo Comum na Liturgia. Revestido de Verde, a cor que simboliza a paz, que vemos tão abundantemente na natureza, o padre irá nos apresentar o Evangelho no dia-a-dia de Jesus, suas andanças pela Judeia e as lições simples e profundas que Ele apresentou.
Mas não esqueçamos que o Tempo Comum não é um tempo de inatividade. É uma época de fortificação, de impregnar nosso cotidiano dos exemplos evangélicos. O verde dos paramentos e da Liturgia também simboliza isso: é o brotinho que nasce, que rompe o solo no silêncio das profundezas da terra.
Como deve o cristão se comportar durante o Tempo Comum?
É a hora de tornar a fé dentro de si mais resistente, mais forte, de permear suas atividades mais básicas, seja no lar ou no trabalho, com o doce odor de Cristo. É quando devemos nos comportar mais como Cristo, menos como ateus.
O Monsenhor João Clá, fundador dos Arautos do Evangelho, afirma que o Tempo Comum é um tempo de luta. É quando mais somos provados, é quando o inimigo joga seu joio no trigo que está sendo também plantado.
Por isso, o Tempo Comum na liturgia nos convida de modo especial à vigilância. A concretizar os propósitos que fizemos diante do presépio, ou na virada do ano.
Peçamos a Nossa Senhora, a Mãe do Bom Conselho, que Ela nos conduza por esse Tempo Comum com valentia, com dedicação, com ordenação e paz.