O Domingo de Ramos abre a Semana Santa, onde Jesus, já tendo entrado em Jerusalém, prepara-se para o seu sacrifício. Ele sabe que as artimanhas estavam se realizando, que os fariseus já estavam se movimentando e que o coração de Judas já se decidira. Assim, para entendermos melhor o que vamos viver, a liturgia da Igreja modifica-se um pouco na quinta-feira santa: dá-se início ao Tríduo Pascal.
O Tríduo Pascal começa na véspera da Sexta-Feira, logo após a celebração da Missa da quinta-feira. Diferente do que costumamos ver, após a comunhão, o celebrante expõe o Santíssimo Sacramento e, depois da oração final, o carrega com grandes cânticos de júbilo à sacristia. Ali foi devidamente preparado um tabernáculo para o receber, dando-se o nome de monumento. Isso simboliza a ausência de Jesus em sua Igreja, pois levado preso como um malfeitor.
Para significar nossa tristeza, o padre volta ao altar, ainda na celebração da quinta-feira, mas sem a casula sacerdotal, e despoja o altar de seus ornamentos. Os castiçais, as flores, as velas, tudo é retirado e levado embora. Enquanto isso, o coro canta o salmo 21: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?” O padre, ao final, dobra a toalha de linho que reveste o altar, deixando-o descoberto. As luzes da igreja são diminuídas, e o sacerdote sai em silêncio, sem música de coro ou instrumento.
Na sexta-feira santa dá-se a celebração da Paixão do Senhor. É o único dia no ano que não há uma Santa Missa no mundo inteiro. Isso porque Nosso Senhor morreu, não está mais conosco.
A celebração começa com um lindo ato de humildade. O sacerdote, revestido de paramentos vermelhos, se prosterna, encostando a testa no chão. Logo após, levanta-se e recita uma oração. Todos se sentam e se lê alguma profecia de Isaías sobre a Paixão de Cristo, canta-se mais uma vez o salmo 21, e é narrado o Evangelho da Paixão. Em algumas igrejas, este evangelho é todo cantado, com pessoas diferentes fazendo as vozes dos personagens que se revezam na História: Pilatos, os oficiais de justiça romana, os fariseus. O padre celebrante recita a voz de Jesus, sempre santo, sempre inocente e injustiçado.
Logo após o evangelho e o sermão, a Igreja faz as preces universais e realiza a entrada da Santa Cruz. O crucifixo é carregado até o centro, revestido de um tecido que o esconde. O padre irá retirá-lo, sempre recitando algumas orações e cânticos. Depois, faz-se uma fila e todos podem ir oscular as chagas do redentor, que morreu por nós. Isto é conhecido como veneração da Santa Cruz.
Por fim, há a comunhão, com as hóstias que estavam guardadas no tabernáculo na sacristia, pois não há consagração. A cerimônia termina com a saída do sacerdote em silêncio, e os fiéis devem se portar assim também, pois estão oficialmente de luto pela morte do Senhor.
No Sábado, a cerimônia deve começar sempre no findar do dia. O horário mais conveniente é quando anoitece, por volta das 18 ou 19 horas. Toda a assembleia começa fora da igreja, que terá as portas fechadas. O padre abençoa as velas que todos seguram, e, com lindos cânticos e orações, acende ao Círio Pascal, que simboliza Cristo. Da luz do Círio, todas as velas são acesas, pois o fogo é comunicado de pessoa a pessoa.
O sacerdote entra com o Círio na igreja, abrindo as portas. É Cristo que arromba as portas da morte e caminha vivo. São feitas 3 leituras e 3 salmos, que narram símbolos e analogias da Ressurreição. Por fim, com uma explosão de luzes e cores, as cortinas que estavam postas na frente do presbitério caem e com o cântico de glória, o toque de sinos e sinetas, celebra-se Cristo Vitorioso: Ele ressuscitou!
A Santa Missa segue, então, o seu padrão normal, a não ser por alguns acréscimos: antes do Evangelho, o diácono anuncia o “Aleluia”, que fora retirado na Quaresma, e na hora das preces, após o sermão, tem-se a renovação dos votos do Batismo, com aspersão da água benta pela assembleia.
O Domingo da Páscoa marca o final do Tríduo Pascal, e a Santa Celebração segue seus moldes comuns. Os cânticos são jubilosos, o ambiente de vitória: a Ressurreição de Cristo será especialmente comemorada em 50 dias, quando será o Pentecostes, que encerrará o Tempo Pascal.