Bela e rica em significado, a festa da Apresentação do Menino Jesus marca a transição do ciclo litúrgico do Natal para o período da Páscoa. Há quarenta dias, comemorávamos o nascimento de Cristo; hoje, celebramos sua entrega como Vítima para reparar a glória de Deus e salvar o gênero humano.
A Liturgia se abre com a bênção das velas, símbolos do lumen Christi que se faz presente na História de maneira oficial quando Simeão recebe em seus braços o Divino Infante. Quem porta esta Luz é Maria Santíssima, motivo pelo qual se comemora no mesmo dia a festa de Nossa Senhora da Luz, conhecida também como das Candeias ou da Candelária. A celebração, originada em Jerusalém já nos primórdios da Igreja, mais tarde se estendeu ao mundo inteiro.
O edifício sagrado no qual esse episódio se passa não é o mesmo outrora idealizado pelo Rei Davi e levantado por Salomão. Aquela primeira construção, de extraordinária grandeza, fora elaborada com as mais preciosas matérias da época, como pedras escolhidas, ouro, bronze e madeiras do Líbano (cf. I Rs 5–6). Ao ser concluída, a glória de Deus nela penetrara sob a forma visível de uma nuvem (cf. I Rs 8, 10-11), e Ele prometera permanecer ali para sempre (cf. I Rs 9, 3). A suntuosa casa de oração logo se tornou o fascínio dos judeus e o ponto de referência de seu relacionamento com o Altíssimo.
Entretanto, alguns séculos depois, tendo o povo caído em inúmeras infidelidades, a presença do Senhor retirou-se daquele local (cf. Jr 7, 12). Quando Nabucodonosor invadiu Jerusalém, deportando os israelitas para a Babilônia, o magnífico santuário foi incendiado, e os caldeus transportaram à sua terra todas as peças de metal valioso que nele havia (cf. II Rs 25, 9-17).
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Ao retornarem à Cidade Santa, após décadas no exílio, os hebreus se empenharam em reedificá-lo. Contudo, a obra resultou tão apoucada em relação à anterior que decepcionou muitos dos filhos de Israel, como observa o profeta Ageu: “Haverá entre vós alguém que tenha visto esta casa em seu primeiro esplendor? E em que estado a vedes agora! Tal como está, não parece ela insignificante aos vossos olhos?” (2, 3). Mas, no mesmo vaticínio, seguem palavras de esperança: “O esplendor desta casa sobrepujará o da primeira” (2, 9). Naquela difícil conjuntura, quem compreenderia o alcance do anúncio profético?
Ora, a lindíssima cena contemplada no Evangelho desta festa é incomparavelmente superior ao que sucedeu entre as célebres paredes erigidas pelo rei sábio, quando lá se manifestou a glória do Senhor. A nuvem que então encheu o recinto nem de longe teve a majestade e o encanto da entrada de Maria no Templo, carregando o Menino Jesus ao colo e acompanhada de São José. Basta imaginarmos como deveriam ser os passos da Mãe de Deus e, mais ainda, o relacionamento d’Ela com seu Filho, para compreendermos o quanto o esplendor da nova casa ultrapassou o da antiga!
Um recém-nascido no qual “habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col 2, 9), o Criador do universo, deixa-Se conduzir por Aquela que é insuperável morada da Santíssima Trindade e pelo varão castíssimo cuja alma sempre esteve cumulada de graças. Trata-se, portanto, de dois “templos” que levam ao Templo material o verdadeiro Templo de Deus!
São Lucas, sendo médico, mostra-se mais detalhista em suas narrações que os demais Evangelistas. Rica em minúcias é a passagem proclamada hoje, subsequente ao relato da Circuncisão do Senhor.
22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-Lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor.
Segundo a legislação mosaica, toda mulher que dava à luz era considerada impura e precisava submeter-se ao ritual de purificação no Templo ao cabo de quarenta dias do parto, caso a criança fosse um menino, ou oitenta dias, quando se tratava de uma menina. Na ocasião, a mãe ofertava um cordeiro ou, se suas posses não o
permitissem, “duas rolas ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para o sacrifício pelo pecado” (Lv 12, 8).
Havia, ademais, a lei em virtude da qual se devia entregar ao Senhor todos os primogênitos, inclusive dos animais. Remontava essa norma ao episódio da morte dos primogênitos no Egito, última praga lançada por Moisés àquela nação a fim de convencer o faraó a libertar os judeus (cf. Ex 12, 12-32). Instruídos por Deus, os
hebreus tinham marcado a porta de suas casas com o sangue do cordeiro pascal, sinal distintivo para que o Anjo exterminador não os tocasse quando passasse para ferir os filhos dos egípcios. Quis o Altíssimo manter acesa entre o povo eleito a lembrança dessa grande misericórdia, e para tal ordenou: “Consagrar-me-ás todo primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele será meu” (Ex 13, 2).
Inicialmente o cumprimento de tal preceito implicava destinar ao sacerdócio todos os varões primogênitos; porém, quando o Senhor reservou à tribo de Levi esta função sagrada, determinou-se que eles seriam resgatados mediante o pagamento de cinco siclos.1
O Filho de Deus Encarnado e sua Mãe virginal não tinham necessidade de apresentar-Se no Templo para atender a essas exigências da Lei. Entretanto, foi com santa sofreguidão que Maria e José para lá se dirigiram com o Menino, quando se completou o prazo previsto.
Nossa Senhora discernia com perfeita clareza o significado último daquele ato: Ela estava realizando, antecipadamente, a entrega de seu Filho à Crucifixão. E não podemos
cogitar que São José, unido de maneira tão forte e íntima a Jesus, ignorasse seu papel na Redenção e o meio pelo qual ela se operaria.
O Santo Casal compreendia, ademais, que Deus estabelecera aquele ritual religioso com vistas a um dia o Salvador ser recebido no Templo. Talvez Maria houvesse conhecido esse desígnio através de São Gabriel, na Anunciação, pois a conversa entre Ela e o espírito angélico não durou poucos minutos, como se supõe pela leitura do Evangelho, e sim muitas horas, ao longo das quais o Arcanjo respondeu a um “inquérito” apertado, que o encheu de enlevo.
Se Deus havia designado São Gabriel como mensageiro da Encarnação, certamente lhe revelou muitos pormenores a respeito do Redentor. Assim, à medida que Nossa Senhora perguntava, ele A informava dos detalhes concretos de certas circunstâncias da vida do Homem-Deus e de suas razões mais altas.
Além de ter em mente os dados transmitidos por São Gabriel e conhecer muitos outros em virtude da eminente ciência infusa de que fora dotada, a Santíssima Virgem interpretava os desejos do Menino Jesus, o qual, apesar da tenra idade, manifestava uma divina “ansiedade” de ir ao Templo. Já no primeiro instante da Encarnação,
explica-nos a Teologia, Ele Se oferecera em holocausto ao Pai; entretanto, queria revestir de oficialidade esse ato, renovando, à luz do dia e pelas mãos de Maria, o que realizara em seu claustro puríssimo. Nossa Senhora tornou-Se, assim, verdadeira Mãe e Rainha dos sacerdotes!
Antevendo a Paixão de seu Filho que ali se iniciava, Ela entrou no Templo contente por cumprir a vontade de Deus, mas com o Coração pervadido de discreta apreensão.
25Em Jerusalém havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26 e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.
Decerto Simeão era ainda adolescente quando o Espírito Santo lhe falou à alma: “Um dia verás o Messias, e isso constituirá o teu Céu aqui na terra. Não fazes ideia da alegria que te invadirá o coração. Nunca te esqueças dessa promessa; que ela seja teu alimento!”
Nutrida por essa esperança, a longa existência do venerável ancião transcorreu marcada pelo abandono à Providência, até nas pequenas vicissitudes do dia a dia. Podemos imaginá-lo em certa manhã indo à fonte buscar água. Num movimento inadvertido, deixa cair o único jarro de que dispunha. Sem alterar o ânimo, nem reclamar, ele olha para os cacos no chão e eleva a Deus uma prece: “Senhor, graças Vos dou, porque não tenho mais com que colher a água. Agora só dependo de Vós”. E segue sereno seu caminho, com o pensamento tomado pelo Messias que virá. Ao chegar a casa, os parentes o procuram para agradecer, efusivos, a excelente água que beberam naquela manhã, encontrada numa talha nova que julgam haver sido providenciada por Simeão. Surpreso, ele percebe que houve um milagre e escuta o Paráclito afirmar em seu interior: “Quando vires o Libertador de Israel, nunca mais sentirás sede, porque Ele te saciará por completo”.
Quantos prodígios terá Deus operado para confirmá-lo na fé no Messias prometido!
27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o Menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28aSimeão tomou o Menino nos braços…
Homem justo, Simeão aguardava com paciência a realização da promessa, julgando, em sua humildade, que veria o Messias à distância, andando por alguma rua da Cidade Santa ou ensinando numa praça. Deus o submetia à prova da espera porque desejava conceder-lhe um prêmio extraordinário, muito superior ao que ele pensava receber.
Provavelmente Simeão estava deitado, acometido pelos achaques da idade, quando uma moção interior o assaltou, impelindo-o a dirigir-se ao Templo. Algo lhe dizia que naquele dia veria o Redentor. Revigorado por uma forte consolação, levantou-se e partiu rumo ao santuário. Lá chegando, quase sem fôlego pela emoção, divisou ao longe o Santo Casal.
Imaginemos Nossa Senhora atravessando o Átrio das Mulheres, recolhida sob o véu e com o olhar voltado para o Menino aconchegado em seu colo. Ele balança os bracinhos e brinca com o queixo de sua Mãe, despertando a atenção das senhoras que aguardam junto à balaustrada o momento de serem chamadas para a purifica ção. Várias delas abordam Maria para felicitá-La pelo encantador Bebê e vê-Lo de perto. São José A acompanha, trazendo nas mãos as aves compradas há pouco para o
sacrifício.
Grande é a alegria de Simeão quando se dá conta de que Nossa Senhora e São José, atraídos pelo Espírito Santo que lhe enche a alma, avançam em sua direção. Detendo-se diante do santo varão, os pais de Jesus o cumprimentam e Maria apresenta-lhe a Criança, após levantar os tecidos que A cobrem. Trata-se do mais belo Menino que já houve em toda a História, inteligente e cheio de luz. E a Virgem O deposita nos braços de Simeão.
Eis a recompensa reservada à virtude da esperança: quem a pratica sempre é aquinhoado com frutos estupendos, sobrenaturais e humanos. Tomado pelo espírito profético, Simeão faz em seguida uma magnífica revelação.
28b…e bendisse a Deus: 29 “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30 porque meus olhos viram a tua salvação, 31 que preparaste diante de todos os povos: 32 luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”. 33O pai e a Mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito d’Ele.
As afirmações de Simeão não constituíram novidade para Nossa Senhora. Entretanto, o fato de ouvi-las no Templo, proferidas por um homem providencial, deu-Lhe uma noção mais aproximada e penetrante daquilo que se passaria com seu Divino Filho ao operar a Redenção.
A Santíssima Virgem compreendeu como os movimentos de alma d’Ele, o gesto de Simeão e mesmo o edifício sagrado apontavam para o Calvário.
Assim, enquanto o fiel ancião se expandia jubiloso pelo despontar da consolação de Israel, Maria meditava, cheia de seriedade, a respeito da futura Paixão de seu Filho, à qual deveria assistir entregando-O com total desprendimento e sofrendo com Ele. Que terrível martírio para o seu Coração materno!
São José acompanhava as exclamações de Simeão com a mesma disposição de sua virginal Esposa. Também ele estava ali como sacerdote: enquanto pai legal de Jesus, consagrou-O a Deus, ciente de que seu adorável Filho não seria resgatado, como sucedia a qualquer judeu ao apresentar seu primogênito. Pelo contrário, o holocausto único daquele Menino constituiria o resgate perfeito e definitivo de todos os homens. E, a exemplo de Maria, o Glorioso Patriarca se ofereceu como vítima para
suportar as dores de Nosso Senhor e se unir ao seu sacrifício.
34Simeão os abençoou e disse a Maria, a Mãe de Jesus: “Este Menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35aAssim serão revelados os pensamentos de muitos corações”.
Embora contemplada nos Mistérios Gozosos do Rosário, a Apresentação é uma passagem na qual se encontra muito explícita a nota da dor, seja no simbolismo da cena, seja nas palavras de Simeão a Maria.
Sinal de contradição, o Menino é a Verdade Encarnada que, vindo ao mundo, move as consciências e revela as racionalizações daqueles que tentam esconder seus pecados. Por isso, não se lê “todos”, mas “muitos corações”.
35b “Quanto a Ti, uma espada Te traspassará a alma”.
Entre os incontáveis títulos de Maria, estão o de Nossa Senhora das Dores e o de Correndentora, porque o Criador, amando-A de maneira insuperável, não quis poupá-La do sofrimento. Ante a perspectiva dos terríveis padecimentos pelos quais seu Filho passaria para redimir os pecadores, a Santíssima Virgem não recusou nada. Ao apresentá-Lo no Templo, Ela como que dizia: “Por mais que Me doa o Coração, eis a Vítima, pois quero também a esses filhos e desejo libertá-los”.
Assim se selou o martírio de Nossa Senhora, consumado trinta e três anos depois aos pés da Cruz do Salvador.
36 Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do Menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
A praxe judaica exigia duas testemunhas para a confirmação de um ato. Deus teve a delicadeza de atender a tal requisito no grandioso cenário da Apresentação, introduzindo nele a profetisa Ana, a personagem feminina descrita com maior meticulosidade nas Escrituras. Figura simpática e discreta, ela merece ser assim conhecida, pois seu espírito de recolhimento, de sacrifício e de oração é exemplo tanto para as damas quanto para os varões.
Tendo enviuvado após sete anos de matrimônio, Ana deveria, segundo a lei do levirato (cf. Dt 25, 5-6), ser desposada pelo irmão de seu marido. Ela, no entanto, renunciou ao casamento para consagrar-se a Deus à maneira de uma religiosa. Se calcularmos que naquela época as jovens costumavam contrair núpcias por volta dos quinze anos de idade, concluímos que Ana contava vinte e três anos quando começou a servir o Senhor “dia e noite”. Portanto, ao se encontrar com a Sagrada Família, ela acumulava seis décadas de orações e penitências diárias.
Certamente a longevidade da profetisa foi favorecida pela esperança que a animava em relação ao Messias, pois essa virtude, além de produzir abundantes frutos espirituais, como o crescimento da fé e da caridade, equilibra o organismo.
Outro aspecto notável em Ana é sua generosidade. Apesar de sabermos que na vida interior está a alma de todo apostolado, somos tendentes a esquecer o ensinamento
de Nosso Senhor quando nos encontramos em meio às atividades: “Sem Mim, nada podeis fazer” (Jo 15, 5). Nossas próprias forças são insuficientes para qualquer ação no
campo sobrenatural; precisamos da graça, e para alcançá-la torna-se necessário rezar.
Ao retratar a profetisa como modelo de seriedade na vida interior, São Lucas sublinha o quanto Deus ama e escolhe os que se dedicam à oração. Por meio de Ana, o
Senhor saciou a esperança de muitos outros que se achavam no Templo, os quais, conferindo as palavras dela com a realidade que tinham diante de si, louvavam a Deus.
39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O Menino crescia e tornava-Se forte, cheio de sabedoria; e a
graça de Deus estava com Ele.
Sendo Deus, o Menino Jesus possuía toda a ciência divina. Ademais, desde o primeiro instante de concepção sua Alma gozava da visão beatífica e nela refulgia o mais alto
grau de ciência infusa. Seu conhecimento experimental, entretanto, progredia à medida que tomava contato com o mundo concreto através dos sentidos, como ocorre a qualquer criança.
Naquele dia no Templo, enquanto seus pais se movimentavam para cumprir os preceitos da Lei, o Menino refletiu no que Lhe sucederia. Seria rejeitado, perseguido, incompreendido; experimentaria a frieza de seus discípulos e a traição de um deles; padeceria a flagelação, a coroação de espinhos, a humilhação do Ecce Homo, a
morte no alto do Calvário… Pensou também nos homens pelos quais sofreria, tanto nos que se beneficiariam de seu Sangue quanto nos que o recusariam, contemplando a História inteira, desde os seus primórdios até o Juízo Final. E, a apenas quarenta dias de seu nascimento, entregou-Se por completo à sua missão redentora.
Tendo a Sagrada Família retornado a Nazaré, o Evangelho registra apenas as palavras desse versículo final sobre o longo período da vida oculta de Jesus. Todos os acontecimentos que se seguiram, embora nos sejam desconhecidos em sua maior parte, constituíram uma preparação, no recolhimento, para sua futura atuação pública.
A festa da Purificação de Maria e da Apresentação do Senhor no Templo desperta em nós o desejo de oferecermos a Deus um coração íntegro, limpo e reto, inteiramente livre de apegos, vaidades, caprichos e outros defeitos que, muitas vezes, nem sequer percebemos. Se pedirmos com confiança, o Menino Jesus nos revelará essas faltas e nos concederá graças especiais, que tornarão nosso coração semelhante ao d’Ele.
Simeão exultou de felicidade ao segurá-Lo nos braços; a nós, entretanto, é dada uma bem-aventurança muito maior no Sacramento da Eucaristia, no qual recebemos o Jesus da Cruz e da Ressurreição, tal como Ele Se encontra no trono do Céu à direita do Pai. Ao penetrar em nossa alma, Ele nos assume e nos santifica, transformando-nos em tabernáculos seus durante o tempo em que permanece em nós.
Por isso, neste dia em que comemoramos a esperança heroica de Simeão e Ana, renovemos nossa entrega ao Redentor, pelas mãos de Nossa Senhora, e Lhe imploremos: “Senhor, assim como Vós fostes apresentado no Templo como oferta por nosso resgate, nós Vos rogamos, pela intercessão de Maria, José, Simeão e Ana, que purifiqueis o nosso coração. Dai-nos também um espírito novo, cheio de fé, a fim de que nos compenetremos da grandeza de nossa vocação de batizados e a abracemos com entusiasmo”. (Revista Arautos do Evangelho, Fevereiro/2020, n. 218, p. 9 a 15).
1 Cf. FILLION, Louis-Claude. Vida de Nuestro Señor Jesucristo. Infancia y Bautismo. Madrid: Rialp, 2000, v.I, p.178.